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Projeto de vida na escola: como se preparar para o Novo Ensino Médio

Uma das principais mudanças da reforma do Ensino Médio, o Projeto de Vida nas escolas ajuda estudantes a refletirem sobre sua condição atual e seu futuro.

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Tempo de leitura: 8 min
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Mais flexibilidade e conexão com a realidade dos estudantes. Esta é a proposta do Novo Ensino Médio, que passou a vigorar oficialmente em 2022. 

A reforma foi implementada em 2017, com a alteração da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB). As Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio (DCNEM) foram atualizadas no ano seguinte. 

O Novo Ensino Médio coloca os discentes no centro da aprendizagem, contribuindo para uma formação integral que permita aos adolescentes resolverem situações complexas do cotidiano, exercerem a cidadania e continuarem os estudos. Eles são estimulados a desenvolverem autonomia, protagonismo e responsabilidade sobre suas escolhas. 

Todas essas habilidades são trabalhadas no Projeto de Vida, um programa que deve ser oferecido por todas as escolas da rede pública e particular. 

Aqui você vai encontrar informações que todo educador precisa saber para contribuir com as mudanças propostas pelo Projeto de Vida. Confira: 

  1. Como será o Novo Ensino Médio a partir de 2022 
  2. Por que o Projeto de Vida foi incluído no Novo Ensino Médio 
  3. O que é o Projeto de Vida 
    3.1 Os pilares do Projeto de Vida 
  4. O que diz a BNCC sobre o Projeto de Vida 
    4.1 As competências trabalhadas no Projeto de Vida 
  5. Como trabalhar o Projeto de Vida na escola 
    5.1 Passo a passo para desenvolver o Projeto de Vida na escola 

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Como será o Novo Ensino Médio a partir de 2022

A implementação gradual do Novo Ensino Médio começou oficialmente em 2022 na rede pública e privada de ensino. Participam desta etapa as turmas do primeiro ano, enquanto as demais devem ser contempladas até 2024. 

A principal mudança é a possibilidade de o estudante escolher parte das disciplinas que vai cursar, a partir dos itinerários formativos. As disciplinas, aliás, dão lugar às áreas do conhecimento, semelhantes à divisão feita no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). 

As áreas do conhecimento são 4:

  1. Matemática e suas Tecnologias;
  2. Linguagens e suas Tecnologias: português, língua estrangeira moderna, artes e educação física;
  3. Ciências da Natureza e suas Tecnologias: biologia, química e física;
  4. Ciências Humanas e Sociais Aplicadas: história, geografia, sociologia e filosofia.

Aqui é importante falarmos sobre um dos mitos que paira sobre o Novo Ensino Médio: nenhuma das disciplinas de Ciências Humanas vai ficar de fora da formação do adolescente. Elas continuam a fazer parte da grade curricular obrigatória. 

O que mudou foi a carga horária. A formação geral básica, prevista na Base Nacional Curricular Comum (BNCC) do Ensino Médio, deve ocupar 60% do total das horas letivas. Já os 40% restantes são ocupados pelos itinerários formativos, que explicamos em mais detalhes neste artigo.

O Projeto de Vida também está previsto na grade dos estudantes do Ensino Médio. 

Por que o Projeto de Vida foi incluído no Novo Ensino Médio 

A obrigatoriedade do Projeto de Vida nas escolas é uma tentativa de sanar um problema antigo na educação do Brasil: a evasão escolar. 

Estima-se que 342 mil estudantes abandonaram o ensino formal no país, principalmente no Ensino Médio, de acordo com dados de fevereiro de 2022 do projeto Busca Ativa Escolar, realizado em parceria entre o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e a União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime).

Por que centenas de milhares de adolescentes abandonam a escola? 

Uma pesquisa realizada em 2015 pela Fundação Lemann ajuda a entender os motivos. A seguinte pergunta foi feita para 126 pessoas, entre jovens que concluíram o Ensino Médio na rede pública, empregadores, professores universitários e pesquisadores da área da educação:

O que é ensinado nas escolas prepara os alunos para concretizarem seus projetos na vida adulta?

A partir das respostas, concluiu-se que há uma grande desconexão entre o conteúdo do ensino formal e os conhecimentos e habilidades exigidos na vida adulta. 

Isso desestimula a continuar os estudos, em especial em um momento de crise econômica que exige que os jovens contribuam com a renda da casa.  

Por isso a importância de abordar o Projeto de Vida nas escolas. Aliado às mudanças curriculares propostas pelo Novo Ensino Médio, ele dá significado ao que crianças e adolescentes aprendem todos os dias em sala de aula, contribuindo para que elas desenvolvam uma perspectiva de longo prazo sobre o seu futuro, seja no âmbito pessoal ou profissional. 

O que é o Projeto de Vida

De uma perspectiva mais ampla, o Projeto de Vida é um processo de autoconhecimento em que as pessoas refletem sobre seus interesses e sua vocação, para assim criar um plano para alcançar seus objetivos. 

No âmbito escolar, é um componente curricular transversal, que visa a auxiliar crianças e adolescentes a refletirem sobre sua condição atual e sobre o seu futuro. Também trabalha com questões que fazem parte do dia a dia de todo indivíduo, como a tomada de decisões, resolução de problemas e adaptação a situações inesperadas. 

Escolas de tempo integral já ofereciam encontros com estudantes com este objetivo antes do Novo Ensino Médio. Agora, o Projeto de Vida deve ser implementado por todas as escolas, como um programa complementar ao conteúdo formal, sem uma carga horária mínima obrigatória. 

Cabe às instituições de ensino decidir se o programa valerá apenas para as turmas do primeiro ano ou para todos os anos do Ensino Médio. 

Os pilares do Projeto de Vida

O Projeto de Vida nas escolas deve contemplar 3 pilares previstos na BNCC, que são: 

1. Pessoal

Autoconhecimento é a palavra-chave neste pilar do Projeto de Vida. A escola deve propor atividades que estimulem o adolescente a se reconhecer como sujeito, entender suas origens e encontrar uma identidade. 

Este pilar abrange a autoestima, a autoaceitação e o amadurecimento emocional. Ele é a base para delinear os planos para o futuro dos discentes. 

  • O que isso significa: o estudante deve aprender a lidar com os próprios sentimentos, descobrir quais são suas principais habilidades e traçar seus desejos para o futuro. 
2. Social

Crianças e adolescentes precisam entender o papel que têm na comunidade da qual fazem parte, além de saber como suas atitudes impactam a sociedade. 

O estudante deve participar de atividades que o ajudem a conhecer a realidade do seu entorno imediato e da sociedade em geral. Para isso, temas como direitos humanos, ética e responsabilidade devem ser abordados. 

  • O que isso significa: o estudante deve refletir sobre as relações que mantém com colegas, família e comunidade, além de entender como pode contribuir com a sociedade. Pensar em soluções para problemas coletivos que são locais e globais. 
3. Profissional

Este pilar depende dos demais para se concretizar o Projeto de Vida na escola. As atividades devem se concentrar em questões relacionadas ao mundo do trabalho. 

É papel da instituição de ensino oferecer orientações sobre carreiras profissionais, com base nas reflexões dos âmbitos pessoal e social. 

  • O que isso significa: o estudante deve escolher o itinerário formativo, pensar o que vai fazer depois de concluir o Ensino Médio e refletir sobre qual carreira quer seguir no futuro.

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O que diz a BNCC sobre o Projeto de Vida

A BNCC define o Projeto de Vida como:

"O que os estudantes almejam, projetam e redefinem para si ao longo de sua trajetória, uma construção que acompanha o desenvolvimento da(s) identidade(s), em contextos atravessados por uma cultura e por demandas sociais que se articulam, ora para promover, ora para constranger seus desejos." 

Para que esses desejos sejam alcançados, o documento coloca como uma das funções da escola a construção do Projeto de Vida de cada um dos estudantes. 

O programa seria o resultado do protagonismo e da autoria estimulados ao longo do Ensino Fundamental. No texto da Base, ele é essencial para garantir a formação integral do jovem, pois promove o desenvolvimento pessoal e social dele. 

As competências trabalhadas no Projeto de Vida

O Projeto de Vida é mencionado explicitamente na competência geral 6 da Educação Básica, listada na introdução da BNCC:

"Valorizar a diversidade de saberes e vivências culturais e apropriar-se de conhecimentos e experiências que lhe possibilitem entender as relações próprias do mundo do trabalho e fazer escolhas alinhadas ao exercício da cidadania e ao seu projeto de vida, com liberdade, autonomia, consciência crítica e responsabilidade."

Ao trabalhar o Projeto de Vida nas escolas, indiretamente as demais competências gerais são desenvolvidas. As 10 competências da BNCC são:

  1. Entender e explicar a realidade a partir dos conhecimentos historicamente construídos sobre o mundo, assim colaborando com uma sociedade mais justa, democrática e inclusiva.
  2. Entender e aplicar a abordagem científica para investigar causas, criar hipóteses e pensar em soluções, a partir dos conhecimentos de diferentes áreas.
  3. Valorizar, participar e usufruir de manifestações artísticas e culturais.
  4. Dominar diferentes linguagens para se expressar e compartilhar informações, sentimentos e experiências.
  5. Dominar as tecnologias digitais de informação e comunicação e saber como utilizá-las em diferentes contextos, de forma ética e crítica.
  6. Valorizar e compreender a diversidade de saberes, culturas e experiências, para assim exercer a cidadania com responsabilidade.
  7. Defender ideias, opiniões e decisões comuns com base em fatos, dados e informações confiáveis, sempre considerando os direitos humanos e a consciência socioambiental.
  8. Conhecer as próprios emoções e cuidar da própria saúde física e emocional.
  9. Exercitar a empatia, o diálogo e a resolução de conflitos, levando em consideração a diversidade.
  10. Agir com autonomia, responsabilidade e flexibilidade, além de tomar decisões éticas, democráticas, inclusivas e sustentáveis. 

Lembrando que todas essas competências já são abordadas nas etapas anteriores da Educação Básica, ou seja, na Educação Infantil e no Ensino Fundamental.

Como trabalhar o Projeto de Vida na escola

A Lei 13.412/2017, que trata sobre a reforma do Ensino Médio, não traz regras sobre como implementar o Projeto de Vida nas escolas.

Por isso, cada instituição de ensino, tanto na rede particular quanto na pública, tem autonomia para definir a estrutura do programa. De forma geral, as escolas estão seguindo dois formatos:

  1. Criar uma disciplina, que será ministrada por um professor;
  2. Transformar o Projeto de Vida em um conteúdo transversal, em que todos os professores se organizam para desenvolver as habilidades e vocações dos estudantes, dentro das disciplinas.

Independentemente do formato, não é necessário que um psicólogo coordene as atividades do Projeto de Vida. O ideal é que o programa seja encabeçado por um representante do corpo docente que tenha boa relação e proximidade com os adolescentes. 

Quem assumir a responsabilidade de guiar os estudantes no Projeto de Vida deve focar na formação continuada. É por meio de especializações, cursos, leituras e palestras que profissionais da educação vão conseguir ajudar crianças e adolescentes a estarem aptos para os desafios da vida adulta.

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Outro ponto que não é especificado na reforma do Ensino Médio é a avaliação. Isso significa que o Projeto de Vida não precisa “valer nota”, mas, se a instituição de ensino achar necessário, é possível criar um sistema de avaliação das atividades. 

Por isso, antes de planejar qualquer atividade, é preciso saber como a escola em que você trabalha vai implementar o Projeto de Vida. Também é importante conhecer as orientações da secretaria de educação do seu estado para o Novo Ensino Médio como um todo. 

Algumas secretarias reúnem todas as informações nos sites institucionais. Confira:

Passo a passo para desenvolver o Projeto de Vida na escola

O educador e pesquisador José Moran sugere alguns passos para implementar o Projeto de Vida na escola. Eles não são um guia definitivo, mas, sim, orientações que vão ajudar o gestor escolar e demais professores a iniciarem o programa.

1. Conheça a experiência de outras instituições de ensino

Troque ideias com colegas e conheça o modelo de Projeto de Vida adotado por outros colégios. Inspire-se no que deu certo e lembre-se: o programa deve ser adequado às possibilidades e ao momento da sua escola. 

2. Faça duas propostas, uma para o curto prazo e outro para o médio prazo

A primeira proposta serve para atender as exigências imediatas da obrigatoriedade da oferta do Projeto de Vida. Já a segunda deve estar no centro do currículo personalizado, prevendo mentorias individuais, trabalho com metodologias ativas e tecnologias digitais. 

As duas propostas devem ser construídas em colaboração com as famílias e estudantes, para alinhar expectativas e respeitar o papel de cada um. 

3. Organize ações pontuais

Podem ser palestras, cursos rápidos e oficinas sobre questões relacionadas ao projeto de vida. É importante que pais e professores participem desta primeira etapa. 

Oficinas com estudantes devem ser realizadas depois de a comunidade escolar estiver ciente sobre o programa. As atividades devem contemplar temas como autoconhecimento, criatividade, resolução de problemas, comunicação, empreendedorismo e gestão de tempo. 

Essas oficinas podem ser integradas ao currículo de forma sequencial e serem oferecidas no formato híbrido.

Algumas ideias de atividades que podem ser feitas com os estudantes são: 

  • Sessões de tutoria individual; 
  • Oficinas de design focadas na empatia; 
  • Projetos de intervenção na comunidade; 
  • Entrevistas com pessoas do bairro;
  • Pesquisas sobre cursos técnicos e superiores;
  • Visitas guiadas a diferentes espaços de trabalho. 
4. Definir um tutor de projeto de vida por turma

Caso a sua escola não adote o modelo de disciplina para o Projeto de Vida, é interessante que cada turma do Ensino Médio tenha um professor responsável por levar questões relacionadas ao programa e acompanhar o desenvolvimento dos estudantes. 


Esperamos que este artigo sobre o Projeto de Vida nas escolas ajude no seu dia a dia em sala de aula. Se quiser ler mais sobre inovação e educação, confira os artigos do Blog da Pós Educação Unisinos.

Sobre o autor

Olívia Baldissera

Jornalista e historiadora. Mestre em História pela Universidade Federal do Paraná (UFPR). Tem mais de dez anos de experiência em produção de conteúdo.

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