"O conhecimento não é estático, nem está pronto e acabado. Assumir a complexidade e o inacabamento do conhecimento e dos processos de conhecer é um ponto de partida fundamental para mudar as relações de poder e do papel da escola na vida das crianças."
Paulo Fochi, em texto publicado na revista Urbania 6: Public as mutual, na Bienal de Oslo
A frase acima do professor Paulo Fochi é um convite para refletir sobre sua experiência na escola em dois momentos, quando era estudante e, agora, como educador.
E este é apenas um exemplo das ideias que Fochi compartilha com pedagogos, professores e demais profissionais da educação nas redes sociais, palestras, curso e publicações.
Aqui você vai encontrar 3 estratégias pedagógicas pesquisadas pelo autor referência em educação infantil. Elas contribuem para o desenvolvimento e aprendizado das crianças nos primeiros anos escolares, além de ajudarem o professor a inovar em sala de aula.
Você também vai ver:
- Quem é Paulo Fochi
- Os principais livros de Paulo Fochi
- As estratégias pedagógicas abordadas nos livros de Paulo Fochi
3.1 O que é a documentação pedagógica, ferramenta de transformação da educação
3.2 O que são mini-histórias, estratégias que tornam visível o cotidiano pedagógico
3.3 O que é o brincar heurístico, que dá protagonismo às crianças - A transformação na educação infantil
Quem é Paulo Fochi
Paulo Sergio Fochi é professor do curso de Pedagogia e coordenador do curso de especialização em Educação Infantil da Unisinos. Ele também integra o corpo docente do curso Docência Inovadora: educação para o século XXI da Pós Educação Unisinos.
Ele também é pesquisador colaborador do Contextos Integrados em Educação Infantil (USP/ CNPq). Membro da Associação Criança (Braga/Portugal) e Membro do Special Interest Group - SIG Birth to Three (European Early Childhood Education Research Association - EECERA).
Fochi graduou-se em Pedagogia em 2007 e, nos três anos seguintes, fez especializações em educação infantil e gestão escolar. Em 2013 concluiu o mestrado em Educação na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e, em 2019, o doutorado em Educação na Universidade de São Paulo (USP). Ele fez um doutorado sanduíche na Universitat de Barcelona em 2017.
Paralelamente à formação acadêmica, o educador fundou a empresa Paulo Fochi Estudos Pedagógicos. Desde 2009 ela oferece formações contextualizadas e in company para profissionais da educação e instituições de ensino, além de prestar consultoria para produtos e projetos culturais.
O Observatório da Cultura Infantil (OBECI) veio em 2013. O OBECI é uma comunidade de apoio ao desenvolvimento profissional de professores da Educação Infantil. Atualmente reúne um grupo de seis escolas de quatro cidades do Rio Grande do Sul.
Entre 2015 e 2016, Paulo Fochi foi um dos quatro consultores e redatores da primeira e segunda versão da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) para a Educação Infantil, documento normativo organizado pelo Ministério da Educação (MEC) que traz as aprendizagens essenciais da educação básica.
Além de manter um perfil no Instagram, o pedagogo é colunista do Portal Lunetas e pesquisador nos campos da Pedagogia da Infância, Educação Infantil, Bebês e Formação em Contexto.
Conheça a trajetória de outro autor referência em educação, José Pacheco.
Os principais livros de Paulo Fochi
Ao longo de sua carreira como pedagogo, Paulo Fochi escreveu livros e artigos científicos. Aqui você vai conhecer alguns deles.
1. Afinal, o que os bebês fazem no berçário? (2015)
Acompanhe os primeiros meses de vida de Caio, Carlos, João Gabriel, João Pedro, Lara, Lara Cristina, Lucas e Miguel. Como todos os bebês, eles já apresentam várias competências e aprendem com o mundo à sua volta desde o nascimento.
Em "Afinal, o que os bebês fazem no berçário? Comunicação, autonomia e saber-fazer de bebês em um contexto de vida coletiva", Paulo Fochi adota a abordagem da documentação pedagógica para mostrar a aprendizagem em diferentes contextos da vida coletiva de um bebê. O livro também aponta caminhos metodológicos de pesquisa, práticas pedagógicas e formação docente.
2. O brincar heurístico na creche (2018)
"O brincar heurístico na creche: percursos pedagógicos no Observatório da Cultura Infantil - OBECI" detalha a estratégia pedagógica adotada pelas cinco instituições de educação infantil que integram a OBECI. Mais adiante explicaremos o que é essa estratégia, o brincar heurístico.
O livro apresenta o resultado de três anos de trabalho nessas escolas e tem como objetivo compartilhar experiências com demais educadores.
3. Mini-histórias (2019)
Este livro também reúne as experiências de educadores das instituições de ensino que fazem parte do OBECI, desta vez com a estratégia das mini-histórias. O objetivo é o mesmo da publicação anterior: servir como apoio pedagógico para outros professores.
As estratégias pedagógicas abordadas nos livros de Paulo Fochi
Aqui você vai conhecer um pouco mais sobre as estratégias pedagógicas apresentadas por Paulo Fochi nos livros que listamos acima. Antes de seguirmos adiante, é importante falarmos do conceito.
Uma estratégia pedagógica é um conjunto de procedimentos planejados pelo professor para atingir os objetivos de ensino. Ela reúne métodos, técnicas e práticas que ajudam no acesso, produção e expressão do conhecimento.
Os próximos parágrafos são uma introdução às três estratégias, mas você pode aprender ainda mais com Paulo Fochi na Pós Educação Unisinos, no curso Docência Inovadora: educação para o século XXI.
O que é a documentação pedagógica, ferramenta de transformação da educação
A documentação pedagógica é uma estratégia de acompanhamento da aprendizagem da criança por parte do professor, que consegue refletir sobre o próprio trabalho ao mesmo tempo que narra o percurso do estudante.
O acompanhamento e a interpretação dos processos educativos são feitos por meio de fotografias, vídeos, produções das crianças e anotações dos professores. Todo este material serve como um testemunho pedagógico e cultural dos estudantes, dos adultos e do projeto educativo da instituição de ensino.
Dessa forma, a documentação pedagógica deixa visível o trabalho pedagógico para que ele seja discutido, compartilhado, interpretado e transformado. A ideia é que educadores conversem sobre coisas reais e concretas do dia a dia da escola, não apenas sobre teorias.
O recurso não é um simples registro das atividades realizadas. Ele depende da reflexão, observação e comunicação da ação pedagógica. Ainda, é preciso que o professor esteja aberto para escutar a criança, que se expressa e elabora ideias em uma multiplicidade de linguagens.
Por isso que a documentação pedagógica contribui para a formação docente, ao fazer com que o educador tenha consciência sobre suas práticas, ouça ativamente as crianças e entenda como elas constroem o conhecimento.
A estratégia faz parte da abordagem educativa de Reggio Emilia, desenvolvida pelo pedagogo italiano Loris Malaguzzi (1920-1994) após a Segunda Guerra Mundial. Ele coordenou a experiência pedagógica na cidade que dá o mesmo nome à abordagem.
O trabalho de Malaguzzi ganhou grande destaque na década de 1990, época em que sua abordagem chegou ao Brasil. As ideias de Reggio Emilia inspiraram o trabalho nas escolas do OBECI, coordenado por Paulo Fochi.
Para saber mais sobre a documentação pedagógica, confira o material elaborado por Paulo Fochi e pela OBECI.
O que são mini-histórias, estratégias que tornas visível o cotidiano pedagógico
As mini-histórias são relatos curtos que trazem questões importantes para o desenvolvimento de bebês e crianças pequenas, como a autonomia, a comunicação e o saber-fazer. Elas são acompanhadas por textos e uma sequência de imagens, que ajudam a narrar a história de uma criança que é, faz, atua e está curiosa para se relacionar com o mundo.
Geralmente elas relatam fatos do cotidiano que fazem parte da trajetória formativa da criança. O professor pode recorrer à fotografia para registrar estes momentos. Aqui você encontra um exemplo de mini-história disponibilizado pelo OBECI.
A estratégia foi desenvolvida a partir das pesquisas de Paulo Fochi e David Altimir. Em sua conta do Instagram, Fochi traz um passo a passo para você escrever sua primeira mini-história:
- Crie observáveis em seu cotidiano pedagógico;
- Exercite sua capacidade de ver o que há nos observáveis;
- Defina o que você quer contar. Não é possível contar tudo;
- Identifique a chave de leitura, o fio narrativo da mini-história;
- Escolha as imagens e organize-as em um aplicativo de edição de fotos, como o Canva;
- Escreva a mini-história de forma que ela tenha uma narrativa;
- Leia o que você escreveu para verificar se o texto expressa a atuação das crianças;
- Peça para alguém ler sua mini-história e dar um feedback;
- Reescreva o que for necessário;
- Compartilhe a mini-história e torne o aprendizado das crianças visível.
Fazer uma mini-história só faz sentido se ela for revisitada pelos professores, que, ao interpretarem a narrativa, dão a ela valor educativo. A estratégia é útil para planejar as atividades que serão realizadas com as crianças que ajudaram a compor a narrativa.
Confira artigo do OBECI sobre as mini-histórias.
O que é o brincar heurístico, que dá protagonismo às crianças
O brincar heurístico é uma estratégia pedagógica que coloca a criança em situações de experimentação que a estimulam a aprender sozinha, sem a interferência de um adulto. Ela parte de uma visão global do bebê, que não deve ter sua experiência corporal separada da cognitiva, emocional e social.
As situações de experimentação são construídas a partir de materiais diversos, que devem ser tocados, lançados e ordenados pelas crianças. Em outras palavras, elas exploram sensorialmente os objetos, o que permite a formulação de hipóteses de como o mundo funciona.
A partir das ideias da educadora inglesa Elinor Goldschimied (1920-2009), Paulo Fochi explica que existe uma abordagem adequada para cada faixa etária e nível de interesse por certos objetos:
1. Cesto de tesouros
Indicada para bebês com até um ano de idade, que ainda não caminham, mas conseguem ficar sentados sozinhos.
Objetos do dia a dia devem ser colocados em um cesto, que deve ser entregue à criança. Ela deve ter a liberdade de manusear os objetos, para assim despertar os sentidos, a curiosidade e o senso de investigação. A atividade também ajuda a desenvolver a capacidade de concentração.
A ideia é que os bebês façam suas próprias descobertas. O papel do professor é selecionar os objetos criteriosamente e permitir que o protagonismo da criança apareça.
2. Jogo dos tapetes
Indicado para crianças de 1 a 2 anos de idade. Assim como no cesto de tesouros, diferentes objetos são espalhados e um ambiente controlado para que a criança os explore.
3. Bandejas de experimentação
Indicado para crianças com 3 anos completos. Elas podem manusear objetos que permitem a investigação de elementos contínuos (contáveis) e descontínuos (não contáveis).
Os objetos escolhidos pelo professor devem possibilitar que elas façam experimentações que envolvam os atos de encher, esvaziar, misturar e peneirar. Assim elas conseguem comprovar ou refutar hipóteses por conta própria.
>>> Conheça histórias inspiradoras de inovação na educação.
A transformação na educação infantil
As estratégias pedagógicas abordadas por Paulo Fochi e resumidas aqui mostram que a educação infantil está mudando.
Hoje, mais do que um espaço de cuidado na ausência dos pais, a creche é um espaço de aprendizagem para os bebês.
Desde o nascimento eles começam a interagir com o mundo e a aprender. Por isso o professor de educação infantil deve garantir que a criança receba os estímulos certos para se desenvolver.
A formação continuada é uma das formas do educador cumprir esse papel. É neste espaço que o professor conhecerá novas metodologias e trocará experiências com os colegas.
E para seguir nesta jornada de conhecimento é preciso de grandes mestres. Por isso a Unisinos criou a Pós Educação Unisinos, que oferece cursos de especialização 100% online ministrados por autores referência no mundo da educação.
Além de Paulo Fochi, você vai aprender com José Pacheco, fundador da Escola da Ponte; Gustavo Borba, diretor do Instituto de Inovação em Educação; Lilian Bacich, cofundadora da Tríade Educacional; e Luciano Meira, cofundador da Joy Street, empresa de tecnologias educacionais lúdicas.
>>> Saiba mais sobre a Pós Educação Unisinos e seja um dos reinventores da educação.