O que não pode faltar no seu plano de aula de matemática

Postado em 22 de set de 2023
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Não importa se o professor tem um, cinco, dez ou trinta anos de experiência em sala. Ele sempre terá o plano de aula como ponto de partida da sua prática pedagógica.

O documento é um guia do trabalho que será desenvolvido com os estudantes, seja no Ensino Fundamental, Médio ou Superior. Existem várias maneiras de elaborá-lo, porém algumas informações não podem ficar de fora.

Veja a seguir como montar um plano de aula de matemática eficiente e de acordo com as orientações da Base Nacional Curricular Comum (BNCC). Você também conhecerá algumas metodologias ativas que podem ser incluídas no plano e, assim, potencializar o aprendizado da sua turma. Vamos lá?

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Por que você deve fazer um plano de aula

O plano de aula é uma sistematização dos objetivos, conteúdos, procedimentos e avaliação que serão desenvolvidos pelos docentes e discentes em um determinado intervalo de tempo. Geralmente, ele traz uma sequência de tudo o que será desenvolvido em um dia.

A elaboração do documento deve considerar a realidade dos estudantes, a estrutura física e os recursos disponibilizados pela instituição de ensino e a experiência do educador. A frequência com que os professores devem apresentar o plano de aula depende das normas da escola e da prática docente de cada profissional.

Seja na matemática ou em outras disciplinas, o plano de aula permite que o educador esteja o mais preparado possível para problemas que possam surgir dentro e fora de sala, na modalidade presencial ou à distância. Ainda, o documento é um guia de aprendizado dos estudantes, explicitando o conhecimento e as habilidades que devem ser desenvolvidas ao terem contato com determinada temática.

É no plano de aula também que você pensará em formas de colocar o planejamento em prática.

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Diferença de plano de aula e planejamento

Podemos dizer que o plano de aula é uma pequena parte do planejamento, que pode ser dividido em 3 níveis de abrangência. Existem outras classificações, mas a listada abaixo é a mais conhecida:

1. Planejamento educacional

O planejamento educacional apresenta objetivos de longo prazo, estabelecidos a partir das políticas públicas de educação que têm como objetivo contribuir com o desenvolvimento geral do país. Ele engloba as políticas federais, estaduais e municipais, tendo como principal exemplo o Plano Nacional de Educação (PNE).

Nos estados e municípios, o planejamento educacional adequa as políticas públicas ao contexto cultural, econômico e social da região.

2. Planejamento curricular

O planejamento curricular é feito pela equipe pedagógica com base na realidade de cada escola, a partir das diretrizes dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), Conselho Nacional de Educação (CNE) e do Conselho Estadual de Educação (CEE). Ele envolve:

  • A escola
  • As experiências dos discentes
  • A dinâmica do processo educativo

3. Planejamento de ensino

A partir do planejamento curricular, o planejamento de ensino organiza as ações e os meios para se alcançar os objetivos estabelecidos nos níveis anteriores. Ele é um processo contínuo de reflexão, previsão e decisão sobre o trabalho pedagógico que tem como objetivo orientar a prática docente.

É neste nível que o Projeto Político-pedagógico (PPP) de cada escola e o plano de aula de cada professor são desenvolvidos. Além do plano de aula, o docente pode organizar outros dois tipos de planos:

  • Plano de curso: tem uma perspectiva mais global, prevendo o conjunto de conhecimentos que a turma deve adquirir em um período específico de tempo;
  • Plano de unidade: uma especificação do plano de curso.
  • Plano de aula: documento detalhado sobre as atividades que serão realizadas no dia letivo.
 

Como fazer um plano de aula de matemática de acordo com a BNCC

A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) define um conjunto de aprendizagens essenciais que todos os estudantes brasileiros devem desenvolver ao longo da Educação Básica. Ela considera a matemática como área do conhecimento e disciplina. Ou seja, além de dominar conceitos, fórmulas e cálculos, o estudante deve adquirir habilidades e competências relacionadas ao pensamento matemático ao longo da trajetória escolar.

A BNCC estabelece que, já na Educação Infantil, a criança deve iniciar o letramento matemático. O termo se refere às competências de raciocinar, representar, comunicar e argumentar matematicamente, de forma a solucionar problemas em diferentes contextos e ainda relacionar o conhecimento matemático com a vida fora da sala de aula.

Para atender as orientações da BNCC, o seu plano de aula de matemática deve focar no desenvolvimento de projetos, resolução de problemas e investigação. Assim os estudantes poderão desenvolver habilidades como raciocínio lógico, comunicação e senso crítico.

Sobre os conteúdos específicos da matemática, a BNCC os dividiu em cinco unidades temáticas:

  1. Números;
  2. Álgebra;
  3. Geometria;
  4. Grandezas e medidas;
  5. Probabilidade e estatística.

O documento orienta que a álgebra deve ser ensinada já no primeiro ano do Ensino Fundamental. No sétimo ano, as crianças devem aprender sobre plano cartesiano e geometria das transformações.

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4 pontos da BNCC que devem estar no seu plano de aula de matemática

Ao pesquisar no Google, YouTube ou redes sociais, percebemos que o que não faltam são modelos e dicas de metodologias. Nosso objetivo aqui é mostrar o que não pode faltar no seu plano de aula de matemática quando você decidir montar um próprio.

Se ainda assim você sente que precisa aprimorar sua prática docente, é a hora de buscar conhecimento especializado. Você pode fazer isso por meio de uma segunda licenciatura em matemática, cursos livres ou especializações. Também existem cursos de pós-graduação em educação voltados ao ensino de matemática e ciências.

Antes de começar a montar o seu plano de aula de matemática, você precisa conhecer as competências e habilidades exigidas pela BNCC para a educação básica. As competências específicas de matemática que os estudantes do Ensino Fundamental precisam desenvolver são:

  1. Reconhecer que a Matemática é uma ciência humana, fruto das necessidades e preocupações de diferentes culturas, em diferentes momentos históricos, e é uma ciência viva, que contribui para solucionar problemas científicos e tecnológicos e para alicerçar descobertas e construções, inclusive com impactos no mundo do trabalho.
  2. Desenvolver o raciocínio lógico, o espírito de investigação e a capacidade de produzir argumentos convincentes, recorrendo aos conhecimentos matemáticos para compreender e atuar no mundo.
  3. Compreender as relações entre conceitos e procedimentos dos diferentes campos da Matemática (Aritmética, Álgebra, Geometria, Estatística e Probabilidade) e de outras áreas do conhecimento, sentindo segurança quanto à própria capacidade de construir e aplicar conhecimentos matemáticos, desenvolvendo a autoestima e a perseverança na busca de soluções.
  4. Fazer observações sistemáticas de aspectos quantitativos e qualitativos presentes nas práticas sociais e culturais, de modo a investigar, organizar, representar e comunicar informações relevantes, para interpretá-las e avaliá-las crítica e eticamente, produzindo argumentos convincentes.
  5. Utilizar processos e ferramentas matemáticas, inclusive tecnologias digitais disponíveis, para modelar e resolver problemas cotidianos, sociais e de outras áreas de conhecimento, validando estratégias e resultados.
  6. Enfrentar situações-problema em múltiplos contextos, incluindo-se situações imaginadas, não diretamente relacionadas com o aspecto prático-utilitário, expressar suas respostas e sintetizar conclusões, utilizando diferentes registros e linguagens (gráficos, tabelas, esquemas, além de texto escrito na língua materna e outras linguagens para descrever algoritmos, como fluxogramas, e dados).
  7. Desenvolver e/ou discutir projetos que abordem, sobretudo, questões de urgência social, com base em princípios éticos, democráticos, sustentáveis e solidários, valorizando a diversidade de opiniões de indivíduos e de grupos sociais, sem preconceitos de qualquer natureza.
  8. Interagir com seus pares de forma cooperativa, trabalhando coletivamente no planejamento e desenvolvimento de pesquisas para responder a questionamentos e na busca de soluções para problemas, de modo a identificar aspectos consensuais ou não na discussão de uma determinada questão, respeitando o modo de pensar dos colegas e aprendendo com eles.

No Ensino Médio, as competências de matemática previstas na BNCC são:

  1. Utilizar estratégias, conceitos e procedimentos matemáticos para interpretar situações em diversos contextos, sejam atividades cotidianas, sejam fatos das Ciências da Natureza e Humanas, das questões socioeconômicas ou tecnológicas, divulgados por diferentes meios, de modo a contribuir para uma formação geral.
  2. Propor ou participar de ações para investigar desafios do mundo contemporâneo e tomar decisões éticas e socialmente responsáveis, com base na análise de problemas sociais, como os voltados a situações de saúde, sustentabilidade, das implicações da tecnologia no mundo do trabalho, entre outros, mobilizando e articulando conceitos, procedimentos e linguagens próprios da Matemática.
  3. Utilizar estratégias, conceitos, definições e procedimentos matemáticos para interpretar, construir modelos e resolver problemas em diversos contextos, analisando a plausibilidade dos resultados e a adequação das soluções propostas, de modo a construir argumentação consistente.
  4. Compreender e utilizar, com flexibilidade e precisão, diferentes registros de representação matemáticos (algébrico, geométrico, estatístico, computacional etc.), na busca de solução e comunicação de resultados de problemas.
  5. Investigar e estabelecer conjecturas a respeito de diferentes conceitos e propriedades matemáticas, empregando estratégias e recursos, como observação de padrões, experimentações e diferentes tecnologias, identificando a necessidade, ou não, de uma demonstração cada vez mais formal na validação das referidas conjecturas.

A BNCC lista uma série de códigos que correspondem a habilidades específicas que o estudante deve desenvolver ao ter contato com um determinado objeto do conhecimento. É importante ter o PDF da BNCC em mãos para consultar os códigos existentes, pois eles deverão estar no seu plano de aula de matemática. Você pode acessá-lo aqui.

Vamos usar o código alfanumérico abaixo como exemplo:

EF01MA01

A sequência se refere aos objetos de conhecimento: contagem de rotina, contagem ascendente e descendente e reconhecimento de números no contexto diário. Cada uma das letras indica as seguintes informações:

  • EF: primeiro par de letras indica a etapa educacional. No código em questão, refere-se ao Ensino Fundamental.
  • 01: o primeiro par de números indica o ano a que se refere a habilidade. Aqui, seria o 1º ano de matemática.
  • MA: o segundo par de letras indica o componente curricular. No caso, matemática.
  • 01: o último par de números indica a posição da habilidade na numeração sequencial do ano ou do bloco de anos.

Você não precisa decorar todos os códigos de habilidades específicas da BNCC, mas é importante entender como eles são estruturados para fazer consultas ao documento.

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Como montar o seu plano de aula de matemática

Agora que você já sabe qual a abordagem da BNCC, hora de ver os tópicos que não podem faltar no seu plano de aula de matemática:

1. Sempre indique qual a área do conhecimento prevista na BNCC

Como se trata de um plano de aula de matemática, é fácil fazer esta indicação. A área é a da matemática.

2. Especifique qual o componente curricular da BNCC que você irá abordar no seu plano de aula de matemática

Esta aqui também é simples. O componente curricular em questão é matemática.

3. Liste as competências específicas que serão desenvolvidas na aula

Você deve incluir uma ou mais das competências específicas listadas acima no seu plano de aula de matemática. Lembrando que elas variam de acordo com o nível educacional.

4. Liste as habilidades específicas que serão desenvolvidas

Aqui você deve recorrer ao BNCC e consultar os códigos alfanuméricos de cada uma das habilidades.

5. Prossiga de acordo com os demais modelos de plano de aula de matemática

Como escrevemos no começo do texto, não existe um único jeito certo de montar um plano de aula de matemática. Depois de seguir as orientações da BNCC, sinta-se à vontade para seguir outros modelos. Mas não se esqueça de incluir:

  • Objetos de conhecimento;
  • Metodologia;
  • Recursos didáticos;
  • Forma de avaliação.

Esperamos que este artigo sobre como montar um plano de aula de matemática tenha ajudado na sua prática docente. Se você quiser conhecer mais métodos de ensino, acompanhe os guias do Blog do EAD:

Olívia Baldissera

Por Olívia Baldissera

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Jornalista e historiadora. É analista de conteúdo do Blog do EAD.