Você sabe como trabalhar a musicalização na educação infantil?
Não é nenhuma novidade que a música está presente em nossas vidas desde os primeiros anos da infância — seja nos desenhos, filmes ou canções que se ouvem dentro e fora de casa.
O que talvez você não saiba é que o uso da música no contexto escolar pode favorecer o desenvolvimento cognitivo, psicomotor e socioafetivo das crianças.
Esse trabalho com a música no dia a dia pedagógico se chama musicalização — e é uma importante ferramenta de aprendizagem e construção do conhecimento.
Quer descobrir mais sobre esse conceito e como aplicá-lo no dia a dia da sala de aula?
Continue neste artigo e descubra tudo sobre a importância da musicalização na educação infantil.
Aqui você vai conferir:
O que é e a importância da musicalização
O que a neurociência tem a dizer sobre a musicalização
A musicalização infantil na BNCC
Atividades de musicalização infantil para levar para sala de aula
O que é e a importância da musicalização
Musicalização é o uso da música como ferramenta de aprendizagem e construção do conhecimento na educação. Ou seja, é o trabalho com ritmo, melodia e harmonia para ensinar novos conteúdos e explorar habilidades em sala de aula.
Os estímulos musicais têm a capacidade de ativar sistemas de linguagem, da memória, de ordenação sequencial, de pensamento social e de orientação espacial e motora. Todas essas ativações são essenciais para um desenvolvimento global saudável das crianças.
Além disso, a musicalização ajuda na assimilação de conteúdos em disciplinas que requerem raciocínio lógico e concentração.
Afinal, com a música, o cérebro é estimulado a trabalhar regiões da matemática e das línguas e também a produção de sentido e emoção.
Assim, podemos dizer que a música tem um papel importante no contexto escolar, sendo uma grande aliada do processo de aprendizagem e desenvolvimento infantil.
>>> Leia também: Como trabalhar as competências socioemocionais na escola
O que a neurociência tem a dizer sobre a musicalização
Diversos estudos e pesquisas já comprovaram que a música estimula diversas áreas do cérebro.
Nas últimas décadas, os neurocientistas têm utilizado exames de ressonância magnética funcional e tomografia por emissão de pósitrons para observar as atividades cerebrais em tempo real.
Com esses equipamentos, os pesquisadores foram capazes de monitorar o cérebro de indivíduos durante diversas atividades, desde aquelas que envolviam problemas matemáticos até as relacionadas à música.
Durante essas análises, foi observado que em momentos de leitura ou resolução de problemas matemáticos ocorre a ativação de certas áreas do cérebro.
Já em atividades que envolvem música, notou-se que múltiplas áreas do cérebro são ativadas. Afinal, o indivíduo precisa processar o som, a melodia, o ritmo e, depois, transformar tudo em uma única experiência musical em segundos.
Segundo os pesquisadores, é por isso que ao tocar um instrumento, por exemplo, o cérebro faz inúmeras conexões e interrelações de seus neurônios. O cérebro todo é utilizado, principalmente o córtex visual, auditivo e motor.
Isso também permite que os dois hemisférios do cérebro trabalhem conjuntamente, utilizando mais as capacidades linguísticas e matemáticas.
Ou seja, as atividades ligadas à música estimulam mais áreas do cérebro, permitindo que as pessoas resolvam problemas de maneira mais eficiente e criativa, o que se reflete tanto em áreas acadêmicas quanto sociais.
Com essas constatações, é possível afirmar que a musicalização pode ser essencial para o desenvolvimento cognitivo e neurológico das crianças, tendo um papel importante na educação infantil.
Em artigo da revista Literartes, o pesquisador Mauro Muszkat abordou a relação entre música e desenvolvimento neurológico.
Ele explica que as crianças normalmente se expressam melhor pelo som e pela música do que pelas palavras.
Assim, segundo o pesquisador, o trabalho com a música em sala de aula pode ser uma ferramenta única de aprendizagem, especialmente para as crianças com déficit de atenção, dislexia, autismo, depressão, esquizofrenia e outras disfunções cerebrais.
Ou seja, podemos dizer que, do ponto de vista da neurociência, a musicalização é uma das estratégias mais eficientes e completas para estimular o desenvolvimento infantil em sala de aula.
Assim, é uma ótima alternativa inserir essa prática no dia a dia pedagógico.
>>> Leia mais: Entenda o que é a taxonomia de bloom e como aplicá-la em suas aulas
A musicalização infantil na BNCC
Além das pesquisas indicarem os benefícios da musicalização na educação infantil, a prática também aparece nas recomendações da Base Nacional Comum Curricular (BNCC).
Ela está inserida no campo de experiências “Traços, sons, cores e formas”, o qual deve ser trabalhado com crianças de 0 até 5 anos e 11 meses.
Além disso, quando olhamos os principais direitos de aprendizagem trazidos pela BNCC para educação infantil, encontramos os seguintes pontos:
- conviver;
- brincar;
- participar;
- explorar;
- expressar;
- conhecer-se.
Todos eles podem ser trabalhados por meio da música. Sendo assim, a musicalização é uma das atividades mais completas para trabalhar com crianças desta faixa-etária.
>>> Leia também: Como ensinar a Geração Alpha, as crianças nascidas depois de 2010
Atividades de musicalização infantil para levar para sala de aula
A musicalização possibilita o ensino e a aprendizagem de conceitos, ideias, formas, além de incentivar a socialização e o conhecimento da cultura.
Existem diversas formas de trabalhá-la em sala de aula, abaixo trazemos alguns sugestões de atividades:
Cantar músicas
O canto ativa os sistemas de linguagem, da memória e de ordenação sequencial nas crianças. Sendo assim, propor atividades que envolvam canto é uma ótima alternativa para o contexto escolar.
Vale trazer cantigas infantis clássicas e também atuais, que façam parte do repertório dos alunos.
Criar coreografias e propor ações com dança
O movimento corporal ajuda no desenvolvimento da orientação espacial e motora. Dessa forma, criar coreografias em conjunto e pensar atividades com dança são ótimas propostas para o cotidiano pedagógico.
Além disso, outra alternativa é unir canto e dança em uma única atividade, como uma apresentação do trimestre ou de final de ano.
Quando canto e movimentos se combinam em sala de aula, a criança desenvolve o sistema de pensamento social.
Jogos musicais
Jogos musicais são boas alternativas para trabalhar a motivação e o neurodesenvolvimento, contribuindo para o desenvolvimento da noção espacial e do pensamento social.
Bons jogos são aqueles que utilizam o corpo, como mímica de sons imaginários, brincadeira da cadeira, cantigas de roda, encenações musicais e pequenas danças.
Tocar instrumentos
Outra atividade musical possível para a sala de aula é tocar instrumentos.
Ela desenvolve atenção, memória, orientação espacial, ordenação sequencial, habilidade motora e pensamento superior.
Nessa atividade, é importante que o educador escolha um instrumento compatível com a idade da criança.
Construção de instrumentos musicais
Por fim, nossa última sugestão é a construção de instrumentos musicais em sala de aula.
Essa atividade pode ser feita por meio de diversos tipos de materiais, oferecendo aprendizagem na prática sobre os diferentes instrumentos, além de proporcionar discussões sobre noções de física, como tamanho dos instrumentos e altura das notas.
Essas construções possibilitam o desenvolvimento dos sistemas do pensamento superior, de ordenação sequencial, motora e de controle da atenção.
E aí, gostou de conhecer mais sobre a importância da musicalização na educação infantil?
As atividades musicais são muito potentes para o desenvolvimento do cérebro infantil por ofertar possibilidades de trabalho com as várias áreas do cérebro e suas potencialidades.
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