Os benefícios da Cultura Maker na educação

Postado em 24 de nov de 2023
Loading...

Maker vem do verbo em inglês “make”, que significa “fazer”. O termo anglófono é também uma gíria que serve para designar aquele indivíduo que realiza, faz, cria, fabrica! 

Logo, uma análise etimológica e rápida pode resumir a Cultura Maker a partir de uma expressão genuinamente brasileira: colocar a mão na massa!                                                      

Mas a história da Cultura Maker vai além dessa perspectiva e explicação por derivação. Ela é considerada um desdobramento da filosofia “Do It Yourself!”, que bebe de referenciais da cultura punk ligadas às ausências de regras e independência dos indivíduos.  

Essas referências punks eram uma estratégia de rebeldia contra o sistema consumista e a dependência de produtos industrializados das grandes empresas. O objetivo era incentivar o indivíduo a fazer, ele mesmo, tudo aquilo que precisasse.  

Essa nova cultura, ou melhor, contracultura, começou a se desenvolver de forma mais robusta no final da década de 1960, um período de revoluções políticas e contestações dos costumes dominantes no Ocidente. 

Basta lembrarmos das mobilizações realizadas por estudantes franceses em Paris em 1968, conhecido como “o ano que não terminou”, e toda efervescência política e cultural dessa época. 

Mas o que a Cultura Maker tem a ver com a educação? É o que você vai entender a seguir. Aqui você vai encontrar: 

Descubra quantos cursos de graduação existem no Brasil!

O que é a Cultura Maker

Para alguns autores, como o físico norte-americano e escritor Chris Anderson, a Cultura Maker chega a se caracterizar como a nova revolução industrial. Anderson escreveu obras como “A Cauda Longa: por que é que o futuro dos negócios é vender menos de mais produtos” (2006) e “Makers: a nova revolução industrial” (2012). 

O autor defende nesses e em outros textos que o poder das indústrias é transferido para as mãos dos consumidores ao passo que as pessoas se aproximam do que é pregado pela filosofia maker. 

Ao traçar um histórico da Cultura Maker pode-se chegar também em referências mais antigas dos que as já apresentadas aqui, como por exemplo registros do século XIX. Foi aproximadamente na metade desse século que surgiu o movimento Arts & Crafts (em tradução livre, “Artes & Ofícios”) na Inglaterra. 

Essa escola artística defendia o artesanato criativo como alternativa à mecanização e à produção em massa, pregando o fim da distinção entre o artesão e o artista e fazendo frente aos avanços industriais da época. 

Muitos makers entendem esse movimento como um precursor da Cultura Maker, uma espécie de antepassado dessa mentalidade que vem sendo resgatado atualmente.  

Mas é a partir dos anos 2000 que alguns movimentos e eventos reavivaram, ampliaram e divulgaram a Cultura Maker no mundo. 

Confira uma breve linha temporal: 

  • 2005: criação da revista americana Make, em 2005, por Dale Dougherty.
  • 2006: realização do evento Maker Faire, uma convenção de entusiastas da filosofia “Do It Yourself” organizada pela revista Make e que reúne participantes de áreas como robótica, artes e artesanato e cultura hacker. Atualmente a Maker Faire é um evento central que se desdobra em outros, como por exemplo a World Maker Faire de Nova Iorque. Ocorrem também eventos adjacentes, chamados de Mini Maker Faire, que costumam acontecer sazonalmente em diferentes países.
  • 2008: realização da Campus Party, que ocorre em diferentes países, incluindo o Brasil. É considerado a maior experiência tecnológica do mundo, com foco em inovação, criatividade, ciências e empreendedorismo.

Pode-se notar que, com o passar do tempo, o Movimento “Do It Yourself” e a Cultura Maker incorporaram diferentes tecnologias em suas práticas, facilitando a execução de projetos, viabilizando inúmeros processos e barateando os custos da produção.  

A tecnologia, portanto, surge como uma forma de democratizar o conhecimento e potencializar a Cultura Maker, a partir da ideia de que qualquer pessoa com acesso à internet consegue buscar soluções para questões que o afligem enquanto indivíduo ou dificultam a vida dos grupos dos quais se faz parte (comunidade escolar, rua ou bairro onde mora, comunidade religiosa, movimentos e organizações sociais, etc…). 

Os tutoriais gratuitos sobre os mais variados assuntos disponíveis no YouTube são exemplos da potencialização da cultura maker provocada pela internet.  

Mas atenção: a Cultura Maker não se baseia apenas no uso de ferramentas digitais e tecnológicas, mas, sim, no ato de fazer em si! 

A internet e as tecnologias potencializam o movimento, mas não o definem ou o limitam. É possível colocar em prática a Cultura Maker em diferentes realidades, como o ambiente escolar.  

A Cultura Maker propõe, portanto, rever a cadeia de produção formal e industrial que nos é posta no cotidiano. Trata-se, em resumo, de resolver problemas do dia a dia a partir de metodologias participativas e soluções criativas e de baixo custo, valorizando o indivíduo maker que idealiza e realiza.  

A fórmula é: 

Facilidade das tecnologias + criatividade + mão na massa = soluções para problemas do dia a dia. 

É sobre criar soluções simples para problemas complexos. 

A partir dessas reflexões, dá para entender por que pensar a Cultura Maker pela perspectiva da Educação é um exercício imperativo nos dias de hoje.

Os pilares da cultura maker

Pode-se dizer que a Cultura Maker se baseia em 4 pilares básicos e norteadores para suas ações:

  1. Criatividade: tudo que pode ser pensado também pode ser criado e feito com as próprias mãos!
  2. Colaboratividade: os processos são coletivos, todos participam e colaboram com objetivo de pensar em melhorias para o problema identificado.
  3. Sustentabilidade: nada pode ser desperdiçado, mas, sim, usado de forma sustentável e inteligente.
  4. Escalabilidade: tudo precisa ser multiplicado e replicado em grande escala. Aqui o conceito de escalabilidade não se relaciona necessariamente com uma ideia de escala industrial, mas sim de reprodutibilidade entre os pares.
 

A relação entre a Cultura Maker e a educação

objetivo da Cultura Maker na educação é estimular uma aprendizagem significativa, em oposição a uma aprendizagem puramente mecânica, dentro do processo de ensino-aprendizagem. Trata-se da interação entre conhecimentos prévios e conhecimentos novos, de maneira não literal e não arbitrária.  

Afinal, são várias as formas de estimular a aprendizagem de estudantes em diferentes faixas etárias:

  • Por imitação;
  • Por memorização;
  • Por tentativa e erro.

Mas uma tendência é a aprendizagem por experimentação! É nessa perspectiva que a Cultura Maker surge no campo da Educação, estimulando a criação de estratégias para solucionar situações-problema.  

Como? Criando produtos a partir de intervenções na própria escola ou pela cidade, no bairro da instituição, por exemplo.  

A Cultura Maker é uma combinação entre teoria e prática, sempre em consonância com as exigências curriculares e proporcionando pontes entre o ensino teórico e a experimentação prática. Afinal, toda ação é uma teoria posta em prática!  

Ela entende a escola enquanto um local para experimentar e praticar, um espaço de estímulo e engajamento do estudante. O ambiente escolar deve fazer com que crianças e adolescentes se sintam parte da comunidade. 

A tarefa é desafiadora para professores e professoras atualmente, por isso a Cultura Maker pode ajudar os educadores nessa missão com diferentes perspectivas para cada faixa etária:

  • Ensino Fundamental: tornar a educação estimulante e abandonar formas defasadas e verticais de ensino;
  • Ensino Médio: estimular interesses e habilidades dos estudantes para o mercado de trabalho, como liderança, proatividade e letramento tecnológico.

É importante ressaltar que essa estratégia não visa ao “fazer pelo fazer” e não deve ser encarada como uma forma de transferir responsabilidades, encarregando estudantes e comunidade escolar, por exemplo, de darem conta de questões que deveriam ser prioridades do Estado.

🔵Leia também: Descubra a melhor pós-graduação em educação para a sua carreira

Atividades maker que podem ser feitas em sala de aula

Atividades maker podem ser desenvolvidas nas diferentes modalidades de ensino, do presencial ao híbrido. E não são fundamentais, necessariamente, ferramentas como cortadoras a laser e impressoras 3D para implementar a Cultura Maker em ambientes educacionais. Sabe-se que as estruturas disponíveis variam de acordo com a região, se a instituição é pública ou privada e o nível de familiaridade dos profissionais da educação com as novas tecnologias. 

Existem, portanto, opções de atividades maker mais manuais e outras mais tecnológicas. Basta escolher aquela que faz mais sentido para a realidade da comunidade escolar da qual se faz parte.  

Atividades maker com propostas manuais e artesanais

  • Construção de hortas comunitárias no espaço escolar;
  • Mutirões de limpeza do ambiente escolar com viés educativo sobre importância da manutenção e conservação de bens públicos e privados;
  • Marcenaria e desenvolvimento manual de jogos.

Atividades maker com propostas envolvendo tecnologia

Prototipagem com uso de novas tecnologias, como softwares, robótica e desenhos 3D para desenvolver projetos de cunho interdisciplinar. 

O Open Source, em tradução livre Código Aberto, é um exemplo. A partir dele pode-se buscar uma ideia pronta, fazer download, aplicá-la como está ou recriá-la de uma nova forma e disponibilizá-la uma vez mais a qualquer um que tenha interesse em utilizar e/ou alterar essa ideia, fortalecendo um ciclo colaborativo.

Leia também

Como escolher uma faculdade EAD

Redação Blog do EAD

Por Redação Blog do EAD

Gostou deste conteúdo? Compartilhe com seus amigos!

                 

Posts relacionados