Para formar cidadãos capazes de lidar com os desafios do século 21, todo professor deve saber como abordar as competências socioemocionais em sala de aula.
O assunto está em alta nos últimos anos no Brasil e no mundo, devido à sua abordagem em documentos e exames que norteiam políticas públicas, como a Base Nacional Curricular Comum (BNCC) e o PISA da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE).
Aqui você vai encontrar o essencial para começar a trabalhar as competências socioemocionais na escola. Junto a conceitos, separamos algumas ideias de atividades socioemocionais para realizar com a sua turma.
Confira:
- O que são competências socioemocionais
1.1 A Teoria do Big Five- As competências socioemocionais e a BNCC
2.1 Diferença entre competências socioemocionais e competências gerais da BNCC
2.2 Competências socioemocionais e o Projeto de Vida- Atividades socioemocionais para sala de aula
3.1 Atividade socioemocional para trabalhar a abertura a novas experiências
3.2 Atividade socioemocional para trabalhar a consciência/autogestão
3.3 Atividade para trabalhar a extroversão/engajamento com os outros
3.4 Atividade para trabalhar a amabilidade
3.5 Atividade para trabalhar estabilidade emocional/resiliência- Como avaliar as competências socioemocionais
- Conclusão
O que são competências socioemocionais
As competências socioemocionais são a capacidade do indivíduo de se relacionar consigo mesmo e com outras pessoas, além de estabelecer objetivos, tomar decisões e enfrentar situações adversas1. Elas se manifestam nos modos de pensar, de sentir e de reagir a estímulos de ordem pessoal e social.
Essas competências podem ser aprendidas, praticadas e ensinadas no ambiente escolar. Seu aprendizado é resultado de um processo de entendimento e manejo de emoções, chamado de educação socioemocional.
De acordo com a CASEL2, entidade internacional que promove a educação socioemocional baseada em evidências científicas, todo indivíduo deve desenvolver 5 competências dentro e fora da escola:
- Autoconsciência: conhecer as próprias forças e limitações, sempre mantendo uma atitude otimista e voltada ao crescimento;
- Autogestão: gerenciar de forma eficiente o estresse, controlas impulsos e definir metas possíveis;
- Consciência social: exercitar a empatia e respeitar a diversidade;
- Habilidades de relacionamento: capacidade de ouvir com empatia, falar de forma clara e objetiva, cooperar com as outras pessoas e solucionar conflitos de forma respeitosa;
- Tomada de decisão de forma responsável: fazer escolhas e interagir com as outras pessoas considerando normas, cuidados com segurança e padrões éticos de uma cidade.
As competências socioemocionais são objeto de estudo da Psicologia desde a década de 1930. Na Educação, o precursor na pesquisa da relação entre aspectos comportamentais e aprendizagem é Jean Piaget (1896-1980).
Elas entraram na agenda global na década de 1990, com o Paradigma do Desenvolvimento Humano do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD)3. Esse documento defendia a mudança de perspectiva sobre o que era considerado desenvolvimento, saindo da esfera do crescimento econômico e se concentrando nas pessoas.
A renda ainda era um fator importante, porém passou a ser vista como um meio para cada indivíduo alcançar seu potencial. A educação passaria a fazer parte dos critérios avaliados pelo PNUD, integrando o tripé do que hoje é conhecido como Índice de Desenvolvimento Humano (IDH).
Outra publicação que marcou o debate sobre as competências socioemocionais foi o Relatório Jacques Delors4, organizado pela Unesco. Sua grande inovação foi a proposta de construir um sistema de ensino sustentado por 4 pilares:
- Aprender a conhecer;
- Aprender a fazer;
- Aprender a ser;
- Aprender a conviver.
No Brasil, o tema ganhou destaque com a parceria entre a Secretaria Estadual de Educação do Rio de Janeiro, o Instituto Ayrton Senna e a OCDE, que, em 2013, iniciaram experiências de avaliação socioemocional no país5.
Mais de 25 mil estudantes, do 5º ao 9º ano do Ensino Fundamental e do 3º ano do Ensino Médio, responderam a um questionário que permitiu cruzar as repostas com resultados cognitivos.
As conclusões do estudo foram:
- Estudantes mais responsáveis, focados e organizados aprendem em um ano letivo cerca de um terço a mais de conteúdo de Matemática do que os colegas que não compartilham essas características;
- Estudantes com maiores níveis de abertura a novas experiências têm um desempenho melhor em Língua Portuguesa, mesmo vindo de famílias em situação de vulnerabilidade socioeconômica;
- Estudantes que recebem incentivo dos familiares para continuarem a estudar têm as competências de consciência e amabilidade mais bem desenvolvidas.
A Teoria do Big Five ajuda a entender esses resultados.
A Teoria do Big Five
Representação gráfica da Teoria do Big Five. MissLunaRose12/Wikimedia Commons.
A Teoria do Big Five começou a ser construída na década de 1930, em um esforço conjunto de cientistas e psicólogos, e hoje é amplamente aceita na comunidade acadêmica. Ela é descrita pelo método lexical, a partir da análise linguística, e conhecê-la ajuda a entender as competências socioemocionais6.
A teoria permite analisar a personalidade humana a partir de 5 dimensões7:
1. Abertura a novas experiências
A pessoa está aberta a novas experiências estéticas, culturais e intelectuais. Caracteriza-se por ser imaginativa, artística, excitável, curiosa, não convencional e com amplos interesses.
2. Consciência
O indivíduo tende a ser organizado, esforçado e responsável. Caracteriza-se por ser eficiente, autônomo, disciplinado, não impulsivo e orientado para seus objetivos.
3. Extroversão
Os interesses e energia de um indivíduo estão orientados ao mundo externo, a outras pessoas e objetos. Caracteriza-se por ser amigável, sociável, autoconfiante, enérgico, aventureiro e entusiasmado.
4. Amabilidade
A pessoa tende a agir de forma cooperativa e não egoísta. Caracteriza-se por ser tolerante, altruísta, modesta, simpática, não teimosa e objetiva ao falar com alguém.
5. Estabilidade emocional
O indivíduo não tem mudanças bruscas de humor, ou seja, há previsibilidade e consistência em suas reações emocionais. Já quem é considerado emocionalmente instável é caracterizado como preocupado, irritadiço, introspectivo, impulsivo e inseguro.
Nenhuma pessoa se enquadra apenas em uma das dimensões. Todo indivíduo compartilha as características do Big Five, em maior ou menor grau. Você pode fazer o teste disponibilizado pelo Massachusetts Institute of Technology (MIT) aqui.
>>> Como aliar neurociência e aprendizagem para construir uma educação de qualidade
As competências socioemocionais e a BNCC
O desenvolvimento de competências socioemocionais no ambiente escolar está alinhado às diretrizes da BNCC. A relação pode ser percebida já nas 10 competências gerais estabelecidas pela Base8, em especial nas de número 8, 9 e 10:
- Competência 8: conhecer-se, apreciar-se e cuidar de sua saúde física e emocional, compreendendo-se na diversidade humana e reconhecendo suas emoções e as dos outros, com autocrítica e capacidade para lidar com elas.
- Competência 9: exercitar a empatia, o diálogo, a resolução de conflitos e a cooperação, fazendo-se respeitar e promovendo o respeito ao outro e aos direitos humanos, com acolhimento e valorização da diversidade de indivíduos e de grupos sociais, seus saberes, identidades, culturas e potencialidades, sem preconceitos de qualquer natureza.
- Competência 10: agir pessoal e coletivamente com autonomia, responsabilidade, flexibilidade, resiliência e determinação, tomando decisões com base em princípios éticos, democráticos, inclusivos, sustentáveis e solidários.
Diferença entre competências socioemocionais e competências gerais da BNCC
Não confunda as competências socioemocionais com as competências gerais da BNCC9. Elas estão relacionadas, mas não são a mesma coisa.
As competências socioemocionais são um modelo teórico que auxilia entidades a estudar a influência de aspectos da personalidade humana no processo de ensino e aprendizagem.
Já as competências gerais da BNCC são a mobilização de conhecimentos, habilidades, atividades e valores para solucionar demandas da vida cotidiana, do pleno exercício da cidadania e do mundo do trabalho.
As competências da Base também norteiam todo o processo de escolarização, da Educação Infantil ao Ensino Médio.
Competências socioemocionais e o Projeto de Vida
O Projeto de Vida é um componente curricular transversal obrigatório na rede pública e privada de ensino desde 2022, quando passou a vigorar o Novo Ensino Médio.
A BNCC o define como:
[O Projeto de Vida] é "O QUE OS ESTUDANTES ALMEJAM, PROJETAM E REDEFINEM PARA SI AO LONGO DE SUA TRAJETÓRIA, UMA CONSTRUÇÃO QUE ACOMPANHA O DESENVOLVIMENTO DA(S) IDENTIDADE(S), EM CONTEXTOS ATRAVESSADOS POR UMA CULTURA E POR DEMANDAS SOCIAIS QUE SE ARTICULAM, ORA PARA PROMOVER, ORA PARA CONSTRANGER SEUS DESEJOS."
Assim, as escolas devem criar momentos em que os estudantes reflitam sobre sua condição atual e sobre o seu futuro. Nesses períodos devem ser trabalhadas questões que fazem parte do dia a dia de todo indivíduo, como a tomada de decisões, resolução de problemas e adaptação a situações inesperadas.
Tudo a ver com as competências socioemocionais, né?
Cada instituição de ensino tem autonomia para definir como implementar o Projeto de Vida. De forma geral, as escolas seguem dois formatos:
- Criar uma disciplina, que será ministrada por um professor;
- Transformar o Projeto de Vida em um conteúdo transversal, em que todos os professores se organizam para desenvolver as habilidades e vocações dos estudantes, dentro das disciplinas.
Independentemente do formato, os momentos de discussão sobre o Projeto de Vida no Ensino Médio são mais uma oportunidade para desenvolver as competências socioemocionais.
Atividades socioemocionais para sala de aula
Como trabalhar as competências socioemocionais com a minha turma?
Você deve estar se perguntando isso depois de ter chegado até aqui.
Antes de planejar uma aula sobre o tema, é preciso aprender mais sobre as competências socioemocionais. O curso Neurociência e aprendizagem no contexto escolar da Pós Educação Unisinos oferece um módulo totalmente dedicado ao assunto.
Você vai conhecer a fundo a relação entre aprendizagem, educação socioemocional e Teoria do Big Five. As matrículas já estão abertas e as inscrições são gratuitas.
Também é importante conhecer algumas atividades socioemocionais que você pode levar para sala de aula. Separamos cinco para você se inspirar!
Cada uma delas está relacionada a uma dimensão do Big Five. As atividades foram adaptadas de guias sobre competências socioemocionais elaborados pelo Instituto Ayrton Senna:
- Atividade socioemocional para trabalhar a abertura a novas experiências10
- Atividade socioemocional para trabalhar a consciência/autogestão11
- Atividade para trabalhar a extroversão/engajamento com os outros12
- Atividade para trabalhar a amabilidade13
- Atividade para trabalhar estabilidade emocional/resiliência14
1. Atividade socioemocional para trabalhar a abertura a novas experiências
Tema: memes e sustentabilidade
Indicado para: anos finais do Ensino Fundamental
Competências socioemocionais desenvolvidas:
- Imaginação criativa;
- Iniciativa social;
- Responsabilidade.
Passo a passo
- A atividade começa com algumas perguntas feitas para a turma. Peça para que os estudantes reflitam sobre o uso que eles fazem das redes sociais, a partir das seguintes perguntas:
▪️ Quais aparelhos você usa para acessar a internet e as redes sociais?
▪️ O que você mais faz na internet?
▪️ Quantas horas por dia você fica conectado?
▪️ Já teve algum problema com alguma atitude sua no ambiente virtual?
▪️ O uso que você faz das redes sociais é saudável e sustentável? Há alguma situação vivida por você que ilustre isso? - Depois, passe um exercício de verdadeiro ou falso para turma. Eles devem usar os dados da pesquisa TIC Kids para resolvê-lo. Você pode imprimir a seguinte tabela e entregar para os estudantes:
AFIRMATIVA VERDADEIRO ou FALSO? 95% das crianças e adolescentes do Brasil são usuários de Internet. Mais da metade dos adolescentes só acessa a Internet pelo celular. O que os adolescentes mais fazem na Internet é enviar mensagens. Mais de 90% dos adolescentes têm perfil em pelo menos uma rede social. Mais de 25% dos adolescentes entrevistados já tentou passar menos tempo na internet, mas não conseguiu. Aproximadamente 90% dos adolescentes dizem saber definir o que devem ou não compartilhar na Internet. - Monte pequenos grupos e peça que eles conversem entre si sobre os resultados da pesquisa. Peça que eles planejem estratégias de uso sustentável da internet em conjunto.
- Peça que escolham uma das estratégias para transformar em um meme. Pode ser um vídeo curto editado no TikTok, uma fotomontagem no Instagram... As possibilidades são várias!
- Finalizados os memes, hora de apresentá-los para a turma! Cada um dos grupos deve explicar a mensagem de conscientização que quiseram passar com o meme.
2. Atividade socioemocional para trabalhar a consciência/autogestão
Tema: o que é ser um estudante protagonista
Indicado para: Ensino Médio
Competências socioemocionais desenvolvidas:
- Organização
- Assertividade
- Foco
Passo a passo
- Lance para a turma a seguinte pergunta: o que significa protagonismo juvenil?
- Incentive os estudantes a compartilharem suas respostas.
- Compartilhe com a turma o texto “O que é ser estudante protagonista?”, disponibilizado pelo Instituto Ayrton Senna.
- Terminada a leitura, peça para que cada um dos estudantes desenhe a seguinte tabela em uma folha do caderno e registre exemplos:
SITUAÇÃO 1: estudante coadjuvante SITUAÇÃO 2: estudante protagonista SITUAÇÃO 3: como superar a situação 1 e atingir a situação 2? - Por fim, peça para a turma compartilhar o exercício com os colegas.
>>> Entenda a importância do protagonismo juvenil na formação do estudante
3. Atividade para trabalhar a extroversão/engajamento com os outros
Tema: viagem a uma terra desconhecida
Indicado para: anos iniciais do Ensino Fundamental
Competências socioemocionais desenvolvidas:
- Foco
- Assertividade
- Imaginação criativa
Passo a passo
- Conte para a turma que vocês vão fazer uma brincadeira de faz de conta na aula. A brincadeira será uma viagem a uma terra desconhecida.
- Peça para as crianças se deitarem no chão e fecharem os olhos. Depois, fale: “Vou jogar um pó mágico em quem estiver deitado, de olhos fechados e pronto para a viagem”. Faça gestos para simular que você está jogando o pó mágico em cada um dos estudantes.
- Comece a narrativa, falando cada uma das frases pausadamente. As pausas são importantes para dar tempo às crianças de imaginarem as cenas que você vai descrever:
▪️ “Imagine que você está entrando em uma nave que vai te levar a um lugar encantado. Como seria esse lugar? O que teria lá? Se você pudesse levar alguém nesta viagem, quem você escolheria? E a nave? Qual seria a cor dela? Ela seria grande ou pequena? Que nome vocês escolheriam para a sua nave?”
▪️ “Agora que você já decidiu para onde vai, com quem vai e como é a sua nave, imagine que ela começa a subir. Ela sobe lá no alto, e você começa a enxergar as nuvens e passarinhos do seu lado. O sol está brilhando. Olhe, também, para baixo. O que você está vendo? O mar? A floresta? As casas? Veja como tudo parece tão pequenininho daqui de cima.”
▪️ “Sua nave começa a descer para pousar no lugar que você escolheu. Observe como esse lugar parece, e perceba o quanto você desejava estar ali. Imagine o que tem de legal nesse lugar. Existem brinquedos? Um parque? Qual brincadeira você escolheria para brincar com a pessoa que levou?”
▪️ “Agora que vocês já brincaram, dê uma última volta nesse lugar, e perceba se está quente ou frio. Se está com sol ou chovendo. Se está ventando ou sem vento.”
▪️ “Vá se despedindo desse lugar, e vá caminhando com a pessoa que escolheu para a nave encantada. Antes de voltarem para o lugar em que vocês estavam antes, dê tchau para esse lugar encantado! Com segurança, a nave vai trazer vocês de volta.” - Terminada a narrativa, peça para a turma abrir os olhos bem devagar e sentarem em uma roda.
- Peça para as crianças fazerem um trabalho artístico sobre a experiência que tiveram na viagem. A atividade é individual, pois cada viagem foi única. Elas podem usar cartolinas, revistas, lápis de cor, canetinhas coloridas, tinta guache... Aproveite o material disponível em sala de aula.
- Depois de fazerem o trabalho artístico, oriente a turma para guardar todos os materiais usados nos seus respectivos lugares. É uma ótima oportunidade para estimular a organização!
- Em uma roda, cada um dos estudantes deve contar para onde viajou e os detalhes do lugar encantado. Você pode estimular o diálogo entre as crianças perguntando se gostariam de conhecer a nave ou o lugar escolhido pelos colegas.
4. Atividade para trabalhar a amabilidade
Tema: como o personagem está se sentindo
Indicado para: anos iniciais do Ensino Fundamental
Competências socioemocionais desenvolvidas:
- Foco
- Empatia e respeito
Passo a passo
- Antes de realizar a atividade, você deve escolher uma história para contar para a turma. Pode ser um conto de fadas ou um clássico da literatura infantojuvenil brasileira. O mais importante é que os personagens passem por diferentes situações, para que as crianças consigam identificar os sentimentos deles.
- Explique para a turma que eles vão ouvir uma história. Durante a leitura, faça pausas e lance perguntas como:
▪️ O que vocês acham que o personagem está sentindo?
▪️ Por que o personagem está se sentindo assim?
▪️ O que aconteceu na história que fez com que o personagem se sentisse dessa maneira? - Terminada a história, peça para a turma desenhar como o personagem se sentiu em duas partes da história. O desenho pode ser feito em cartolinas com lápis e borracha, lápis de cor, giz de cera, canetinhas coloridas...
- Quanto todos terminarem os desenhos, peça para cada criança compartilhar o seu trabalho. Elas devem explicar quais partes da história escolheram e o motivo, além das emoções que identificaram nos personagens.
5. Atividade para trabalhar estabilidade emocional/resiliência
Tema: trocando ideias e aconselhamentos
Indicado para: anos finais do Ensino Fundamental
Competências socioemocionais desenvolvidas:
- Autoconfiança
- Tolerância ao estresse
- Tolerância à frustração
Passo a passo
A atividade será realizada em dois encontros, que podem ser presenciais ou online. O objetivo é refletir sobre relações de mentoria.
Primeiro encontro:
- Organize uma roda de conversa no primeiro encontro e apresente o objetivo da atividade. Em seguida, lance a pergunta para a turma:
▪️ “Lembre-se de uma situação que você passou na escola e que te marcou. Qual o aconselhamento que você daria ao seu ‘eu’ do passado para lidar com essa situação? Como esse aconselhamento teria feito a diferença?” - Determine um intervalo de tempo para reflexão e, em seguida, peça para a turma compartilhar os conselhos que dariam para si mesmos.
- Termine o primeiro encontro com perguntas que vão estimular os estudantes a refletirem sobre autoconfiança:
▪️ “O que vocês sentiram ao compartilhar situações que já viveram? Conseguiram olhar para o lado positivo e aprender algo? Ou tiveram pensamentos negativos sobre vocês mesmos?”
Segundo encontro:
- Comece a roda de conversa explicando o que é e o que faz um mentor.
- Em seguida, lance uma pergunta para os estudantes refletirem: “Vocês sentem ansiedade, nervosismo ou algum sentimento negativo na hora de falar sobre suas ideias com um grupo?”
- Explique que sentir nervosismo é normal, mas é possível aprender como lidar com esse sentimento. Depois, compartilhe mais uma reflexão: “Como podemos aprender maneiras de lidar com nossos desafios e preocupações de forma construtiva e positiva?”. As duas perguntas vão ajudar a turma a prosseguir na atividade.
- Divida a turma em trios. Os grupos devem trocar experiências sobre os desafios que enfrentam na escola e escolher um mentor para aconselhá-los por um período de tempo. O mentor pode ser um estudante mais velho, um professor ou um colaborador da escola.
- Escolhido o mentor, cada grupo deve planejar como será feito o convite e planejar a proposta de mentoria. Os estudantes devem pensar na frequência e no formato dos encontros com o mentor.
- Explique para os trios que há a possibilidade de a pessoa escolhida não conseguir assumir o papel de mentor. Oriente-os a pensarem em “planos B e C” para essa situação.
- Para encerrar a atividade, determine um prazo para que os estudantes façam o convite aos futuros mentores e iniciarem o processo de aconselhamento.
>>> Entenda o que é a Taxonomia de Bloom e como aplicá-la em suas aulas
Como avaliar as competências socioemocionais
O que você achou das atividades socioemocionais que separamos aqui?
Mas você deve estar se perguntando: e depois? Como avaliar o desenvolvimento das competências socioemocionais das minhas turmas?
Dá para entender a dúvida. Afinal, não é com uma prova de múltipla escolha que conseguimos medir o amadurecimento emocional do estudante.
O segredo de como avaliar as competências socioemocionais na escola é a observação atenta do professor, que deve prestar atenção em como o discente se comporta nas mais diferentes situações. Ela pode ser combinada com atividades em grupo e questionários autoavaliativos15.
Você pode considerar quatro aspectos ao planejar a avaliação das competências socioemocionais:
- Qual competência será avaliada;
- Como ela pode ser descrita (você pode se inspirar no Big Five nesta etapa);
- Quais instrumentos vão mostras habilidades que se quer desenvolver;
- Qual atividade será realizada para desenvolver e avaliar a competência escolhida.
Quando estiver realizando a atividade, você deve prestar atenção em alguns pontos que vão te ajudar a avaliar o desenvolvimento das competências socioemocionais:
- Os estudantes se engajaram e participaram ativamente da atividade?
- A atividade facilitou a proximidade e a convivência entre os colegas?
- A partir das respostas da turma, é possível entender como os estudantes veem e praticam as competências socioemocionais no dia a dia?
>>> A importância da avaliação diagnóstica para a retomada das aulas presenciais
Conclusão
Esperamos que este artigo sobre como trabalhar as competências socioemocionais na escola contribua com o seu dia a dia em sala de aula.
Aqui você conheceu o conceito de competências socioemocionais e os fundamentos da Teoria do Big Five, que ajudam a identificar as dimensões da personalidade dos estudantes.
Também viu a relação entre a educação socioemocional e a BNCC, que propõe atualizar os currículos escolares para formas cidadãos conscientes e autônomos, capazes de lidar com os desafios do século 21.
Por fim, conferiu uma lista de sugestões de atividades socioemocionais para levar para sua turma, além de entender como funciona o processo de avaliação das competências socioemocionais.
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💡Quer saber mais sobre competências socioemocionais na escola? Confira as fontes que consultamos para fazer este artigo:
- INSTITUTO AYRTON SENNA. Competências socioemocionais para contextos de crise. Disponível em https://institutoayrtonsenna.org.br/pt-br/socioemocionais-para-crises.html. Acesso em 30 mai. 2022.
- CASEL. What is the CASEL Framework? Disponível em https://casel.org/fundamentals-of-sel/what-is-the-casel-framework/. Acesso em 30 mai. 2022.
- PNUD BRASIL. Índice de Desenvolvimento Humano. Disponível em https://www.br.undp.org/content/brazil/pt/home/idh0.html. Acesso em 30 mai. 2022.
- DELORS, Jacques [et al]. Educação: um tesouro a descobrir. Relatório para a UNESCO da Comissão Internacional sobre Educação para o Século XXI. Brasília: Ministério da Educação, UNESCO, 1998.
- NOVA ESCOLA. Competências socioemocionais. Disponível em https://nova-escola-producao.s3.amazonaws.com/ffmHynzstuECHwJFdbqU4ZuzM3cgTTC6VUdcby9bGUDAAyxMErdR2xkQE2jN/competencias-socioemocionais--nova-escola.pdf. Acesso em 30 mai. 2022.
- PORVIR. Especial Socioemocionais. Disponível em https://socioemocionais.porvir.org/. Acesso em 30 mai. 2022.
- ALMLUND, M. et al. Personality psychology and economics. In: E. A. Hanushek, S. Machin, and L. W¨oßmann (Eds.), Handbook of the Economics of Education, v. 4. Amsterdam: Elsevier, 2011.
- BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília, 2018.
- CECÍLIO, Camila. Qual é a diferença entre as competências gerais da BNCC e as socioemocionais? Nova Escola Gestão, São Paulo, 19 jun. 2019. Disponível em https://gestaoescolar.org.br/conteudo/2194/qual-e-a-diferenca-entre-as-competencias-gerais-da-bncc-e-as-socioemocionais. Acesso em 30 mai. 2022.
- INSTITUTO AYRTON SENNA. Ideias para o desenvolvimento de competências socioemocionais: abertura ao novo. São Paulo, 29 jul. 2020. Disponível em: https://institutoayrtonsenna.org.br/content/dam/institutoayrtonsenna/documentos/instituto-ayrton-senna-macrocompetencia-abertura-ao-novo.pdf. Acesso em 30 mai. 2022.
- INSTITUTO AYRTON SENNA. Ideias para o desenvolvimento de competências socioemocionais: autogestão. São Paulo, 12 ago. 2020. Disponível em: https://institutoayrtonsenna.org.br/content/dam/institutoayrtonsenna/documentos/instituto-ayrton-senna-macrocompet%C3%AAncia-autogestao.pdf. Acesso em 30 mai. 2022.
- INSTITUTO AYRTON SENNA. Ideias para o desenvolvimento de competências socioemocionais: engajamento com os outros. São Paulo, 3 set. 2020. Disponível em: https://institutoayrtonsenna.org.br/content/dam/institutoayrtonsenna/documentos/IAS_Macro_Engajamento_2020.09.09.pdf. Acesso em 30 mai. 2022.
- INSTITUTO AYRTON SENNA. Ideias para o desenvolvimento de competências socioemocionais: amabilidade. São Paulo, 25 ago. 2020. Disponível em: https://institutoayrtonsenna.org.br/content/dam/institutoayrtonsenna/documentos/instituto-ayrton-senna-macrocompetencia-amabilidade.pdf. Acesso em 30 mai. 2022.
- INSTITUTO AYRTON SENNA. Ideias para o desenvolvimento de competências socioemocionais: resiliência emocional. São Paulo, 15 jul. 2020. Disponível em https://institutoayrtonsenna.org.br/content/dam/institutoayrtonsenna/documentos/instituto-ayrton-senna-macrocompetencia-resiliencia-emocional.pdf. Acesso em 30 mai. 2022.
- ANDRIOLI, Daniela. Como avaliar as competências socioemocionais na escola? Nova Escola Gestão, São Paulo, 7 nov. 2019. Disponível em https://gestaoescolar.org.br/conteudo/2180/como-avaliar-as-competencias-socioemocionais-na-escola. Acesso em 30 mai. 2022.