Praticando a educação inclusiva: como combater o capacitismo nas escolas

Postado em 6 de out de 2023
Loading...

Falar que alguém é cego por não te cumprimentar na rua ou que deu mancada por cometer um erro são exemplos clássicos de capacitismo, que nada mais é do que o preconceito contra pessoas com deficiência.

O termo, que vem da tradução do inglês “Ableism”, significa destratar ou ofender um indivíduo por sua deficiência, atitudes que, disfarçadas de brincadeiras, naturalizam a ideia de inadequação de pessoas com deficiência e são uma forma de preconceito estrutural.

Neste texto, você vai aprender mais sobre como evitar essas expressões e atitudes, assim como realizar práticas educacionais mais inclusivas que podem ser realizadas nas escolas.

Confira:

Descubra quantos cursos de graduação existem no Brasil!

O que é capacitismo

Capacitismo é o nome dado à ação de discriminar pessoas com deficiência (PcD) – seja física ou mental – e se referir a elas como se fossem inferiores, incapazes ou tivessem menos valor dentro da sociedade.

De acordo com o cientista social Julian Simões, em entrevista para uma reportagem publicada sobre o assunto no site da Agência Brasil, essa forma de discriminação já está naturalizada pela sociedade brasileira, por ser estrutural:

“Tal como ocorre com o racismo, o sexismo e as discriminações contra a população LGBTQIA+, o capacitismo é estrutural na sociedade brasileira. Ele está arraigado em quase todas as nossas práticas cotidianas.

São atitudes capacitistas, por exemplo, presumir que uma pessoa com deficiência seja incapaz de realizar qualquer atividade que as ditas pessoas normais realizam.

É fato que o modo como algumas pessoas com deficiência realiza atividades pode não ser o mesmo que outras pessoas sem deficiência realizam, mas, nem por isso, elas deixam de realizar ou as fazem de maneira errada e incompleta.

Lembremos que todos nós realizamos atividades de vida diária de acordo com as nossas possibilidades”.

🔵Leia também: Atividades inclusivas para fazer em sala de aula com seus alunos

Palavras que são capacitistas

Por ser naturalizado pela sociedade, uma das maiores formas de preconceito contra pessoas com deficiência se manifesta por meio da linguagem e do uso de expressões e termos altamente ofensivos, tais como:

1. Chamar uma pessoa com deficiência de "coitado (a)"

A psicóloga e terapeuta integrativa Bianca Panvequi, em entrevista para o site Terra, explica que chamar uma pessoa com deficiência de "coitadinho" ou "limitado" é algo que ainda está bastante presente na nossa sociedade, mesmo sendo um ato extremamente ofensivo.

A pessoa com deficiência pode, sim, executar suas tarefas diárias e realizar suas próprias vontades da maneira como conseguir e se sentir melhor. Eles precisam de incentivo, e não de quem os enxergue com dó ou pena.

2. Chamar alguém de ou se autodefinir como "retardado"

O retardo mental ou deficiência intelectual é um transtorno neuropsiquiátrico, que necessita de diagnóstico médico. Trata-se de uma condição manifestada logo no nascimento ou nos primeiros anos da infância.

Portanto, usar do termo para se autodefinir quando fizer algo de "errado", ou chamar alguém de "retardado" para xingar ou ofender aquela pessoa, é outra forma de manifestar o preconceito frente quem é PcD, reforçando essa falsa ideia de superioridade.

3. "Fingir demência"

Assim como o retardo mental, a demência também é um diagnóstico médico dado a pessoas que sofrem com o declínio geral das habilidades mentais (como memória, linguagem e raciocínio).

Ao usar o termo "fingir demência" para falar sobre uma situação na qual você fingiu não compreender o que estava acontecendo é mais uma forma de expressar o capacitismo.

Substitua "fingir demência" por "se fingir de desentendido", expressão que não ofende ninguém.

4. "Você está cego/surdo/mudo?"

Quando alguém não ouviu o que você disse, não pergunte se aquela pessoa "está surda".

Quando alguém não conseguiu ver algo que você tentou mostrar a ela, não pergunte se ela "ficou cega".

Por fim, quando alguém não respondeu algo que você perguntou, não diga que ela "está muda".

Quem tem deficiência auditiva, visual ou de fala não é inferior e, portanto, não deve ter sua condição apontada como algo errado.

Substitua as perguntas capacitistas por "você prestou atenção no que eu te disse/mostrei?", ou por "você poderia me responder o que te perguntei?".

 

Os discursos capacitistas mais comuns

Outras maneiras de discriminação a pessoas PcD são na forma de comentários que estigmatizam, inferiorizam ou constrangem essa pessoa, como:

1. “Nossa, nem parece que você é PcD!”

Achar que é um elogio dizer que uma pessoa não parece ter uma deficiência parte do princípio de que ter uma deficiência é algo ruim, ou que deve ser escondido.

2. “Essa pessoa é um exemplo de superação”

A deficiência não é sobre superar algo, é sobre se adaptar para fazer as coisas que quiser. PcDs não são heróis, são pessoas vivendo suas vidas em um mundo cheio de barreiras.

3. “Seu problema não tem cura?”

A deficiência não é um problema nem uma doença, é uma característica – e, portanto, ela não precisa ser curada.

4. “Achei que você era normal”

Você sabia que, segundo o IBGE, cerca de 24% da população brasileira possui alguma deficiência em diferentes graus?

Então pressupor que um tipo de corpo é o normal (e, por isso, unicamente funcional) exclui todos os diferentes tipos de corpos que existem.

5. “Mas como você faz as coisas?”

Pessoas com deficiência são tão capazes quanto qualquer pessoa. Às vezes ela precisa fazer algumas adaptações, mas isso tem relação com a quantidade de barreiras que essa pessoa enfrenta em um mundo pouco amigável para a PcD.

6. “Deve ser tão difícil ter essa deficiência e eu aqui reclamando da minha vida”

A PcD também não deve ser colocada neste lugar de que vive algo pior do que outras pessoas, nem inferiorizada para que se encontre satisfação com a própria vida.

Ter uma deficiência não impede que as pessoas vivam – e que enfrentem problemas, como quaisquer outras, assim como não é um castigo ou motivo de admiração, é uma característica que faz parte dessa pessoa. 

7. “Será que seus filhos vão nascer normais?”

A maternidade pode, sim, ser uma parte da vida das PcDs. Além disso, a questão é rude por ter implícita um desejo de que os filhos de uma pessoa com deficiência não tenham a deficiência, que é apenas uma característica.

🔵Leia também: Diversidade na educação: como trabalhar o tema em sala de aula

Como a escola pode combater o capacitismo

A escola deve ser um ambiente que promova uma educação inclusiva e voltada à diversidade. É fundamental ensinar as crianças a respeitar e conviver com as diferenças, mostrando a elas que o capacitismo é uma prática inaceitável e que não deve ser reproduzida.

Como proposta, a educação inclusiva realiza a integração de pessoas com deficiência no processo educativo das escolas regulares, promovendo a igualdade na aprendizagem.

O acesso aos serviços e aos recursos pedagógicos de acessibilidade nas escolas regulares elimina a discriminação e a segregação, pois supera o modelo de escolas e classes especiais e transforma a educação e a sociedade em um lugar mais democrático.

A educação inclusiva parte da premissa de que a educação é um direito de todos, de acordo com a Constituição Federal, e tem como base a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Lei nº 13.146/2015), que requer a necessidade de práticas pedagógicas inclusivas e de diferenciação curricular.

Promover a diversidade no ambiente escolar também contribui com o combate ao capacitismo, pois facilita a inclusão e o respeito à individualidade dos alunos com suas características particulares.

Além disso, é preciso dar voz e espaço às crianças com deficiência, acolhendo e permitindo a elas que se expressem livremente e, principalmente, que não sejam tratadas pelos educadores de forma diferente.

O que é Educação Inclusiva?

Educação inclusiva refere-se à inclusão de pessoas com deficiência no processo educativo das escolas regulares, promovendo a igualdade na aprendizagem e a diversidade, a fim de integrar a Educação Especial ao ensino regular.

O objetivo é unificar as duas modalidades e transformar a escola em um lugar para todos, que acolhe a todos os estudantes e oferece apoio àqueles que encontram barreiras para a aprendizagem.

Desse modo, é possível garantir que todas as crianças e adolescentes aprendam e se desenvolvam em um mesmo contexto, convivendo em um ambiente que respeite as diferenças.

Como escolher uma faculdade EAD

Conclusão

Você aprendeu mais sobre a importância de combater o capacitismo, uma forma de discriminação que se dissemina por meio de ações e termos que inferiorizam e estigmatizam a pessoa com deficiência. E compreendeu que uma das maneiras de derrubar esses preconceitos é com a educação inclusiva, com práticas educacionais que respeitem as diferenças.

Uma das iniciativas que educadores podem tomar nesse sentido é se atualizarem, buscando uma formação cada vez mais integradora, com práticas pedagógicas inclusivas.

É possível seguir por esse caminho com uma pós-graduação em educação. Existem especializações em educação especial e inclusiva, que incluem módulos de Libras e Braille e que podem ser cursadas na modalidade EAD, com aulas 100% online.

Leia também
Redação Blog do EAD

Por Redação Blog do EAD

Gostou deste conteúdo? Compartilhe com seus amigos!