Maior envolvimento, desenvolvimento da autonomia e aprofundamento do senso crítico.
Estes são alguns dos benefícios das metodologias ativas para estudantes de todos os níveis educacionais, como já explicamos neste artigo. Um método em especial é bastante utilizado por professores de todo o país pelos bons resultados de aprendizagem que ele traz.
É a sala de aula invertida, proposta educacional que foi desenvolvida nas duas últimas décadas e tem ganhado cada vez mais adeptos. A seguir, você aprenderá o essencial sobre a metodologia para adotá-la na sua prática docente.
Confira:
“Sala de aula invertida” significa a inversão dos ambientes em que os estudantes realizam as atividades. O método se contrapõe ao tradicional, em que a explanação do conteúdo é feita em sala de aula e as atividades, em casa. Ou seja, o que é feito na escola será feito em casa, enquanto a lição de casa será concluída em aula.
A sala de aula invertida (ou flipped classroom, em inglês) é uma metodologia ativa que propõe que o educando aprenda por meio da articulação entre espaços e tempos online e presenciais, de forma síncrona e assíncrona. Ela integra um conjunto de práticas pedagógicas chamado de Ensino Híbrido.
Lembrando que uma metodologia ativa é uma estratégia de ensino baseada na participação efetiva dos estudantes na construção do processo de aprendizagem, de forma flexível, interligada e híbrida. Dessa forma, eles são os protagonistas do processo de ensino e aprendizagem, enquanto os professores assumem o papel de facilitadores e orientadores.
De forma esquemática, podemos comparar o modelo tradicional de ensino e o da sala de aula invertida a partir dos seguintes pontos:
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O método da sala de aula invertida propõe a aprendizagem invertida, uma abordagem pedagógica que transforma a aula expositiva em um momento de aprendizagem individual. Já a sala de aula é transformada em um ambiente de aprendizagem dinâmico e interativo, onde os estudantes são guiados pelo professor na aplicação dos conceitos.
Para isso, a prática pedagógica deve ser norteada pelos 4 pilares da aprendizagem invertida. Eles são representados pelo acrônimo FLIP, que vem da expressão em inglês flipped classroom:
Esses princípios foram estabelecidos pela Flipped Learning Network (FLN), no manual de 2014 Flipped Classroom Field Guide.
O método da Sala de Aula Invertida foi desenvolvido pelos professores Jonathan Bergmann e Aaron Sams, a partir de suas experiências em sala de aula. Em 2006, os dois eram professores de ciências na Woodland Park High School, em Woodland Park, Colorado, nos Estados Unidos. Eles começaram a disponibilizar para os alunos faltantes o conteúdo da disciplina em videoaulas e, aos poucos, foram desenvolvendo o método descrito acima.
As ideias desses dois educadores foram sistematizadas no livro "Sala de Aula Invert!da: uma metodologia ativa de aprendizagem" (2018), no qual nos baseamos para elaborar este texto que você está lendo.
O trabalho desenvolvido pelos dois professores é mais um exemplo de inovação na educação.
No livro "Sala de Aula Invert!da: uma metodologia ativa de aprendizagem", os professores Jonathan Bergmann e Aaron Sams trazem as perguntas mais frequentes feitas por professores que querem adotar a sala de aula invertida. Confira 5 delas:
Não. Apesar do vídeo ser o recurso mais comum, o professor pode usar podcasts, textos e outros materiais. O importante é planejar uma atividade que redirecione a atenção na sala de aula para o estudante.
Este foi o principal desafio enfrentado por professores de todo o Brasil durante a pandemia de Covid-19. Por isso, se o professor seguir com o plano da sala de aula invertida, ele deve disponibilizar os recursos didáticos em diferentes formas de acesso: repositórios on-line, pendrive e até DVD.
Você pode verificar se os estudantes fizeram anotações sobre o conteúdo disponibilizado. Outra forma de verificar é pedir que, após estudarem o material, os discentes façam comentários sobre o conteúdo em um formulário do Google.
Sim. No livro, Bergmann e Sams relatam experiências de professores de diferentes áreas, como matemática, língua inglesa e educação física. Revistas científicas de Educação também trazem estudos de caso sobre a aplicação da sala de aula invertida em diferentes contextos e níveis educacionais.
É preciso ressaltar que nem todos os educandos se engajarão nas atividades propostas pelo professor. Mas a sala de aula invertida permite que o educador conheça melhor as necessidades de cada estudante, o que permite formular hipóteses sobre o motivo da falta de engajamento e encaminhar o aluno para o apoio psicopedagógico, se necessário.
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Agora que você já sabe o conceito, é hora de aprender como montar um plano de aula com sala de aula invertida. Confira o passo a passo que preparamos para você, além de um modelo de plano de aula simplificado para você usar no seu dia a dia. Os passos 2, 3 e 4 que apresentaremos aqui são chamados de “momentos da sala de aula invertida”: antes, durante e depois da aula.
Antes de começar o passo a passo, você deve conhecer as 3 regras de ouro da sala de aula invertida, listadas no Flipped Classroom Field Guide. Elas não são normas rígidas, mas modelos de trabalho que se mostraram eficientes na otimização do tempo e no engajamento dos estudantes.
Assim como no modelo tradicional de ensino, você deve fazer um planejamento pedagógico que preveja os objetivos de aprendizagem, a metodologia e os recursos. A sala de aula invertida deve servir como norteadora para a elaboração desse plano.
Confira abaixo as informações fundamentais que devem estar previstas no seu plano de aula com sala de aula invertida:
Professor |
Seu nome |
Disciplina |
Nome da sua disciplina |
Turma |
Identificação da turma |
Temática |
Temática da aula invertida |
Conteúdo |
Conteúdo que será trabalho na sala de aula invertida |
Objetivos de aprendizagem |
Liste os objetivos de aprendizagem. Quais os conceitos que serão abordados? E as habilidades cognitivas e socioemocionais desenvolvidas? O que se espera do estudante ao final das atividades? |
Metodologia |
Pense em como os conteúdos serão abordados e quais metodologias usar. |
Recursos |
Quais recursos pedagógicos você usara: vídeos, podcasts, jogos, artigos? Considere que os estudantes devem ter acesso aos materiais em tempo hábil e se o espaço físico da sala estará preparado para as atividades propostas. |
Espaço |
Atividade |
Duração |
Papel do estudante |
Papel do professor |
Antes da aula | Liste os materiais que os estudantes devem estudar e como eles irão interagir entre si antes do encontro em sala. | Tempo estimado para realização da atividade assíncrona. | O que se espera que o estudante faça ao ter contato com os recursos pedagógicos durante as atividades assíncronas. | Lista de quais instruções devem ser repassadas à turma, além dos recursos pedagógicos que serão repassados. |
Durante a aula | Explicite qual a conexão com o momento antes da aula e liste as atividades práticas que serão desenvolvidas. | Tempo estimado para realização da atividade síncrona. | O que se espera do estudante na realização das atividades síncronas. | Como o professor irá conectar o conteúdo com a temática. Solução de dúvidas e mediação do debate. Explicitar a conexão das atividades com os objetivos de aprendizagem. |
Depois da aula | Desenvolvimento de relatório sobre as atividades realizadas. | Tempo estimado para realização da atividade assíncrona. | O que deve conter o relatório desenvolvido pelos estudantes. | Estabelecer critérios de avaliação e se os objetivos de aprendizagem foram alcançados. |
A partir do tema escolhido, selecione os recursos didáticos que serão repassados aos estudantes. Jonathan Bergmann e Aaron Sams orientam que, para escolher os materiais, você deve se fazer a seguinte pergunta ao seguir o método da sala de aula invertida.
Quais atividades que não exigem minha presença física podem ser retiradas da sala de aula para dar mais tempo em sala de aula às atividades que são reforçadas pela minha presença física?
Você deve disponibilizar para a turma todos os recursos didáticos com pelo menos 3 dias de antecedência do encontro presencial, para que eles possam estudar de acordo com a disponibilidade de tempo. Peça para todos anotarem as dúvidas e levarem-nas para o encontro presencial.
No encontro com a turma após o envio dos materiais pedagógicos, verifique se o estudo necessário foi realizado. Em seguida, explique as atividades práticas que serão feitas em sala. Elas podem ser desenvolvidas a partir de diferentes metodologias ativas. Você encontra alguns exemplos neste artigo.
Lembre-se de que você deve assumir um papel de mediador e auxiliar no desenvolvimento da atividade. Quando surgirem dúvidas sobre o conteúdo, será o momento de atuar como um especialista.
Após a realização das atividades, solicite aos estudantes que revisem o conteúdo visto na aula invertida. Você pode pedir que eles façam um relatório da atividade prática desenvolvida, pontuando os conceitos abordados e de que forma eles foram aplicados.
Será com este relatório que você terá um feedback da turma e poderá definir o método e o conteúdo dos próximos encontros.
Na sala de aula invertida, a avaliação do estudante é feita ao longo dos três momentos listados nos passos 1, 2 e 3. O professor deve determinar o peso de cada uma das atividades na avaliação de acordo com os objetivos pedagógicos apresentados no plano de aula.
Alguns dos critérios de avaliação na sala de aula invertida que você pode adotar são:
Compromisso
Autonomia
Domínio
Relacionamento
Você deve explicar para a turma todos os critérios de avaliação na sala de aula invertida. O estudante deve saber como e quando será avaliado para se preparar.
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