A história da educação no Brasil e no mundo

Postado em 21 de nov de 2023
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Muita coisa mudou desde que você deixou a carteira para assumir a lousa de uma sala de aula, não é mesmo?

Não apenas o conteúdo foi atualizado e novas disciplinas foram adicionadas ao currículo. Novas práticas pedagógicas foram incorporadas ao leque de métodos do professor, que hoje conta com as últimas descobertas da neurociência para aprimorar o ensino.

Mas como chegamos até aqui? Neste artigo, você encontrará uma breve história da educação para entender como os métodos e o processo de ensino e aprendizagem se transformaram nos últimos séculos.

Para refletir sobre a história da educação, vamos nos ater à França e à Inglaterra do século 18 como pontos de partida, por serem os países em que se desenvolveram ideias e práticas pedagógicas aplicadas até hoje em sala de aula.

Vamos começar?

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A história da educação a partir da Europa

Século 18

O século 18 foi marcado pela disseminação dos ideais iluministas, pela Revolução Industrial (1760-1840) e pela Revolução Francesa (1789-1799). O Iluminismo transformou a história da educação ao valorizar a racionalidade, o pensamento científico, o aperfeiçoamento do indivíduo e a liberdade política e religiosa.

Pensadores como Jean-Jacques Rousseau (1712-1778) defendiam uma pedagogia voltada ao desenvolvimento do cidadão e à formação do ser humano enquanto sujeito, por meio de jogos e trabalhos manuais que permitiriam o contato direto com a natureza.

A Revolução Francesa instaurou uma ordem regida pelo Estado, e não mais somente pela religião. Se antes a educação era oferecida pelas congregações religiosas, ela passa a ser também um dever da nação. O ensino, em teoria, deveria ser universal, laico, obrigatório e gratuito.

É na França pós-revolucionária que se estabelece o modelo escolar adotado até hoje na rede pública: centralismo estatal, criação de corpo especializado de profissionais, níveis de ensino e caráter conteudista. É no mesmo período que a escolarização da infância se inicia na história da educação.

Século 19

A produção fabril instaurada pela Revolução Industrial influenciou a escola moderna. Pontualidade, valores morais e ensino técnico eram as prioridades naquele momento.

Uma prática pedagógica desenvolvida na Inglaterra do século 19 e que se disseminou em outros países, inclusive no Brasil, foi o método mútuo, também chamado de lancasteriano. Cada professor contava com um grupo de monitores, formado por estudantes mais experientes que instruíam os colegas. A ideia era ensinar o maior número possível de crianças ao mesmo tempo.

Ao longo das décadas de 1800, a pedagogia e a psicologia conquistaram espaço no meio científico, influenciando principalmente a escola primária. O século 20 começa com os países europeus focados em uma educação tida como livresca e verbalística, enquanto os Estados Unidos se voltaram ao learning by doing, movimento protagonizado por John Dewey (1859-1952).

Século 20

Em um século marcado pelos totalitarismos e pela Quebra da Bolsa de Nova York (1929), a escola se torna a instituição-chave na construção de uma sociedade democrática. É neste contexto que surge o movimento internacional do ativismo, que marcou a história da educação ao colocar a criança no centro do processo de ensino e aprendizagem.

Defendia-se que o "fazer" deveria ser anterior ao "conhecer". A criança passou a ser vista como um agente ativo, que não deveria somente absorver o conteúdo. O ensino, por sua vez, parte da experiência pessoal do estudante e dos problemas concretos da comunidade, articulando assim a atividade intelectual com a manual.

 

A história da educação no Brasil

Brasil Colônia

Durante o período colonial (1530-1822), a educação ficou sob a responsabilidade de ordens religiosas, em especial a dos jesuítas. Eles foram expulsos de Portugal e do Brasil em 1759, sob determinação do Marquês de Pombal (1699-1782). O aristocrata fez uma reforma educacional em terras lusitanas e brasileiras, substituindo o Método Jesuítico, focado no aprendizado do latim e na catequização, para um que abordasse as ciências naturais. Ele também oficializou a profissão de professor, que deveria ensinar as crianças a ler, escrever e contar, além das chamadas "humanidades", distribuídas em aulas de gramática, latim e grego.

Não havia uma qualificação específica para atuar como professor, por isso a Coroa portuguesa selecionava para o cargo pessoas que tinham alguma instrução, muitas vezes padres. As primeiras escolas normais, voltadas para a formação de educadores, foram instituídas só em 1835.

Brasil Imperial

Com a Independência do Brasil e a promulgação da Constituição de 1824, a educação deveria ser gratuita para todos os cidadãos. Uma lei de 15 de outubro de 1827 determinou a abertura de escolas de primeiras letras em todas as cidades e vilas do Império. Cada província era responsável por definir as regras educacionais no território.

Além do método mútuo, durante o Império (1822-1889) os educadores utilizavam os métodos simultâneo e o intuitivo. No primeiro, o professor passava o conteúdo a grupos de estudantes, separados de acordo com o tema ser estudado. Já o segundo recorria aos cinco sentidos para promover o aprendizado.

Primeira República

Após a Proclamação da República (1889), duas correntes se estabeleceram no meio educacional brasileiro. O positivismo priorizava as disciplinas de Exatas em detrimento das humanidades, enquanto o escolanovismo defendia uma escola pública, gratuita e laica que colocasse o estudante como sujeito ativo no processo de ensino e aprendizagem.

Os primeiros grupos escolares foram fundados entre 1892 e 1896, reunindo em um mesmo espaço as escolas de primeiras letras. Os estudantes foram divididos em séries, de acordo com a faixa etária. A base pedagógica deste período se baseava em princípios como a simplicidade, a progressividade, a memorização e a autoridade do professor.

Estado Novo

É na Era Vargas (1930-1945) que é criado o Ministério da Educação e Saúde Pública, além da promulgação das Leis Orgânicas de Ensino (1942), em uma tentativa de sistematizar a educação em um nível nacional. Paralelamente, é aberto o primeiro curso universitário de Pedagogia do Brasil, na Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas), em 1939.

Regime Militar

O regime militar(1964-1985) realizou uma série de reformas e deu à educação brasileira um caráter mais técnico. A lei nº 5.692/1972 estabeleceu a divisão do ensino em 1º e 2º graus, sendo este obrigatoriamente profissionalizante. Na mesma década, as disciplinas de Estudos Sociais e Educação Moral e Cívica (EMC) foram incluídas no currículo.

Redemocratização

Nas décadas de 1990 e 2000, por fim, foram promulgadas leis importantes que regulam o funcionamento do ensino no Brasil até hoje. Uma delas foi a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), de 1996, que reiterou a municipalização do Ensino Fundamental; tornou obrigatória a formação do docente em nível superior; e colocou a Educação Infantil como etapa inicial da Educação Básica. O 1º e 2º graus passaram a ser chamados de Ensino Fundamental e Médio.

No mesmo período, o Brasil foi incluído no Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa) e foi criado o Exame Nacional de Ensino Médio (Enem). Outras políticas importantes criadas nos anos de 1990 foram os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) e o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (RCNEI).

O primeiro Plano Nacional de Educação (PNE) viria em 2001. Quatro anos depois, estudantes do 5º e 9º anos passaram a ser avaliados na Prova Brasil. Em 2009, a escolarização obrigatória foi definida oficialmente, dos 4 aos 17 anos de idade.

Como a pandemia entrará para a história da educação?

A pandemia provavelmente será vista como um momento de ruptura na história da educação. Ela desafiou o modelo tradicional de sala de aula ao impor o ensino remoto e híbrido a todos os níveis educacionais, do Infantil ao Superior.

Novas práticas pedagógicas tiveram que ser desenvolvidas para estimular o aprendizado em crianças que deveriam passar horas sentadas em frente a um notebook.

Outro desafio foi a desigualdade socioeconômica entre os estudantes, que muitas vezes não tinham acesso à internet e tiveram que recorrer a atividades impressas e assistência pedagógica presencial.

Por isso, para lidar com o pós-pandemia, professores de todas as disciplinas devem investir na formação continuada e procurar cursos de pós-graduação que os capacitem a criar novas práticas pedagógicas.

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Olívia Baldissera

Por Olívia Baldissera

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Jornalista e historiadora. É analista de conteúdo do Blog do EAD.