Como combater o bullying nas escolas

Postado em 25 de set de 2023
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Apesar do nome em inglês, o bullying nas escolas é um problema comum nas redes privada e pública de ensino do Brasil.

E como combater esse tipo de situação? 

É necessário que os educadores estejam preparados para conseguirem promover um ambiente inclusivo e seguro para todos e todas.

Como? Com educação continuada! 

A busca por conhecimento aliada a uma postura sensível e atenta é a chave!  

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Origens do bullying

Em 2006, a Rockstar Games, famosa empresa de jogos eletrônicos dos Estados Unidos, lançou o jogo “Bully”.  

A trama consiste na história de Jimmy Hopkins, um personagem fictício que se vira para, dentro do ambiente escolar, sobreviver aos colegas intimidadores e também se vingar em alguns momentos.    

Não por acaso o termo bully, que nomeia o jogo, significa em português “valentão”. E quando o sufixo “ing” é adicionado passa a descrever uma ação contínua de violência física ou psicológica praticada por um indivíduo ou grupo contra alguém ou uma coletividade.

jogo-bully-rock-star-gamesCaptura de tela do jogo "Bully: Scholarship Edition". Créditos: Divulgação/Rockstar Games.

E de onde surge esse comportamento? Pode-se dizer que a base do bullying é a intolerância perante as diferenças, sejam elas quais forem.  

Por isso, crianças e jovens que pertencem a minorias sociais, como pessoas LGBTQIA+ ou negras, por exemplo, e/ou não correspondam a padrões de beleza socialmente impostos, devido ao peso ou à altura, são geralmente mais vulneráveis.  

É comum também o bullying nas escolas ocorrer a partir de atravessamentos de classe, quando crianças e jovens acessam esses espaços onde as famílias da maioria dos seus pares possuem poder aquisitivo superior.  

E a escola, depois da família, é um dos primeiros ambientes de socialização das crianças e jovens. É nela que eles interagem com seus pares e com as diferenças, logo, é um espaço onde ocorrem muitos casos de bullying.  

Por isso, o fato do jogo de 2006, que virou febre entre os jovens na época, se passar dentro de uma escola também não é mera coincidência.

🔵Leia também: O que é uma escola inclusiva e como construí-la na prática


O cenário atual do bullying nas escolas brasileiras

Em 2021, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou a Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (Pense), realizada em 2019 com 11,8 milhões de estudantes (10,8 milhões de escolas públicas e 1,7 milhão de instituições privadas) que cursavam entre o 7º ano do ensino fundamental e o 3º ano do ensino médio.

Os entrevistados apontaram como principais motivos para bullyng nas escolas: 

  1. Aparência do corpo (16,5%);
  2. Aparência do rosto (11,6%);
  3. Cor da pele (4,6%).

12% assumiram o papel de bullys, em português, agressores. E esse é um ponto importante para frisarmos: o bullying nas escolas muitas vezes possui um caráter cíclico. Ou seja, infelizmente, é comum que pessoas que já sofreram bullying também o pratiquem em algum momento. 

É comum vermos, ainda hoje, pessoas reproduzindo um discurso que ridiculariza e inferioriza os debates sobre bullying.  

“Na minha época…” é o tipo de frase que comumente precede tais opiniões que, geralmente, fundamentam-se em senso comum e experiência empírica dos interlocutores.   

Isso ocorre porque, dentre outros fatores, o debate aprofundado sobre o tema é recente. Só a partir da década de 1970 que se começou a falar sobre bullying nas escolas.  

Ou seja: até então esse tipo de dominação violenta, sistemática e contínua não era necessariamente entendida como prejudicial.  

Lia-se o bullying na escola enquanto brincadeira, como se fossem piadas inofensivas. Podemos dizer que a prática do bullying era socialmente tolerada e a perspectiva de quem sofria a violência era, comumente, deixada de lado. 

Também por isso que muitas pessoas que foram vítimas de bullying não reconhecem a violência e, num primeiro momento, relativizam o assunto.    

Essa trajetória recente de debate faz com que ainda hoje, seja possível notar em vários momentos uma tentativa de manter certa permissividade em relação ao bullying.  

Mas atualmente isso não pode ser aceito, principalmente no ambiente escolar.

 

Tipos de bullying

E para combater precisamos saber como reconhecer o bullying nas escolas e  compreender que existem vários tipos de bullying. Vejamos alguns:  

Bullying verbal ou físico

Xingamentos, humilhações verbais e constrangimentos constantes que podem evoluir para chutes, socos e investidas físicas. Ou seja: uma perseguição física que decorre das investidas verbais. 

Muitos termos ainda são usados de forma pejorativa para se referir a diferentes grupos sociais. Jovens LGBTQIA+, obesos ou com deficiência, por exemplo, costumam sentir na pele esse tipo de violência verbal quando sofrem bullying na escola.  

Esteja atento para piadas desse tipo.  

Bullying sexual

Violências vexatórias de cunho sexual, assédios e abuso. Ocorrem geralmente longe das figuras de poder (professores, monitores, etc…) em espaços comuns divididos entre os pares, como banheiros, por exemplo. 

Pessoas LGBTQIA+ costumam sofrer de forma mais pesada com esse tipo de violência.  

Bullying material

Consiste no furto e destruição de objetos pessoais da vítima. Nesses casos são comuns “trollagens”, como esconder objetos da vítima na lixeira e esvaziar a mochila da vítima, para gerar constrangimento perante todo o grupo.  

A violência material, diferente das verbais, físicas e sexuais, costuma ocorrer na frente dos outros a fim de gerar um constrangimento maior da vítima.

🔵Leia também: O papel do professor na educação inclusiva

E o cyberbullying?

As fronteiras entre mundo virtual e real são cada vez mais tênues, por isso é comum que o bullying praticado nos ambientes físicos migre também para as redes sociais.  

Um levantamento conduzido pela Universidade de Valência, na Espanha, demonstrou que, entre os adolescentes entrevistados, cerca de 25% já haviam sofrido cyberbullying.  

E quando pegamos exemplos aqui do nosso país o problema persiste. Em 2015, a Intel Security, após coleta de dados, divulgou um estudo que trazia as seguintes informações: 21% dos jovens brasileiros já sofreram cyberbullying.

A faixa etária predominante das vítimas é entre 13 e 16 anos.  

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Os sinais de alerta que o professor deve ficar de olho

Quem sofre bullying, seja no ambiente físico ou virtual, costuma dar sinais não verbais. São pedidos de socorro que professores, estando na linha de frente, devem estar aptos para captar. 

Mas não se sinta pressionado e sozinho na hora de resolver o problema. Porque nesses casos a comunidade escolar, junto com o apoio e auxílio da família, deve entrar em ação para encerrar o ciclo de violência.  

Confira a seguir os principais sinais de alerta:

  • Comportamento: baixa autoestima, comportamento autodepreciativo e timidez exagerada perante os pares. Medo de expor opiniões.
  • Dificuldade de aprendizagem: não conseguir se concentrar por conta das violências e demonstrar desinteresse pelo ambiente escolar.

Agora que já falamos bastante sobre o bullying e em como identificá-lo, talvez você esteja se perguntando sobre exemplos práticos para evitar essas situações em sala de aula, não é mesmo?  

São várias as atividades inclusivas e metodologias que podem ser postas em prática para combater o bullying nas escolas.

O cinema com certeza é uma dessas opções, uma forma didática de apresentar e debater as diferenças para os pequenos. 

5 filmes sobre bullying para trabalhar em sala de aula

Confira uma lista de filmes que vão te ajudar a discutir o problema do bullying com a sua turma. Eles estão disponíveis nas principais plataformas de streaming ou para locação no YouTube:

1. Karate Kid

filmes-sobre-bullying-karate-kidCréditos: Divulgação/Sony Pictures

Os personagens das versões de 1984 e 2010 mudam, mas a trama central é a mesma: um jovem que busca na figura de um mestre ensinamentos sobre autodefesa para conseguir lidar com intimidações de valentões.

Na versão mais recente, estrelada por Jaden Smith, a questão racial e debates sobre xenofobia emergem de forma mais nítida e forte.

Aliás, comparar ambas produções pode ser uma boa atividade para refletir sobre bullying e os debates de cada época. Uma ótima opção para trabalhar bullying nas escolas em sala de aula.  

2. Extraordinário

filmes-sobre-bullying-extraordinarioCréditos: Divulgação/Paris Filmes.

Esse filme de 2017 é baseado no best-seller homônimo de R.J Palacio e conta de forma sensível a história de Auggie Pullman.  

Auggie é um garoto que nasceu com uma deformidade facial  e aos 10 anos começa a frequentar uma escola regular. A história de Auggie é uma boa opção para sensibilizar os pequenos sobre a convivência e o respeito com quem é diferente.

3. Dumbo

filmes-sobre-bullying-dumboCréditos: Divulgação/Walt Disney Pictures.

O clássico da Disney ganhou uma versão live action em 2019 e é um ótimo exemplo de que as diferenças nos fazem únicos e são poderosas. Afinal, as orelhas gigantes de Dumbo fazem dele motivo de piada no circo, mas com elas ele consegue algo único: voar!

4. Billy Elliot

filmes-sobre-bullying-billy-elliotCréditos: Divulgação/BBC Films.

Essa história é ambientada no interior da Inglaterra, onde Billy Elliot é um jovem filho de mineiro. Sua vida muda quando ele assiste a uma aula de balé. Ele fica dividido entre a paixão pela dança e o preconceito da família e dos amigos. 

Um ótimo exemplo para mostrar, em sala de aula, que cada um pode ser aquilo que quiser.  

5. Diário de um Banana

filmes-sobre-bullying-diario-de-um-bananaCréditos: Divulgação/Fox Film.

A série de livros de Jeff Kinney possibilitou também uma série de filmes, quatro até o momento. Greg Heffley escreve um diário onde narra suas desventuras escolares e manifesta pensamentos e opiniões que poderá divulgar no dia em que não precisar mais se submeter aos valentões do colégio.

Diário de um Banana tem uma pegada mais leve e aposta na comédia, mas ainda assim é uma forma de tratar sobre temas sérios como o bullying na escola.  

Conclusão

Infelizmente, o bullying faz parte da realidade das escolas brasileiras. Ao presenciar esse tipo de violência, a professora e o professor não podem se omitir. 

Uma das medidas recomendadas é propor rodas de conversa com a turma para explicar que essas situações não são meras brincadeiras e que prejudicam a saúde física e mental das vítimas.

Se você ainda não se sente capaz de lidar com o bullying em sala de aula, peça ajuda para a pedagoga da escola e busque conhecimento sobre o tema. Existem cursos livres e especializações que abordam o problema do bullying e boas práticas para enfrentá-lo.

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Redação Blog do EAD

Por Redação Blog do EAD

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